Cuidadores jovens e sem supressão viral são barreiras para crianças suprimirem o HIV
Crianças que vivem com HIV no continente africano têm menos chances de alcançar a supressão viral sustentada se seus cuidadores forem mais jovens e não tiverem o vírus suprimido. Essa, a principal conclusão de um estudo conduzido por Patrick Oyaro, da LVCT Health, em Nairobi, no Quênia, e publicado, em 22 de maio de 2023, no site do Aidsmap.
O estudo, realizado durante o ano de 2022, em dez países do continente, incluiu dados de 688 crianças que viviam com HIV, em média com nove anos de idade e em terapia antirretroviral por cerca de seis anos. Seus principais cuidadores eram mulheres (69%), vivendo com HIV (81%), em parceria com outra pessoa que vivia com o vírus (60%) e casados (63%).
As crianças eram menos propensas a alcançar a supressão viral sustentada se seus cuidadores primários fossem mais jovens (70% de supressão com cuidadores com menos 35 anos contra 81% com cuidadores acima dessa idade) e não estivessem suprimidos viralmente (68% de supressão com cuidadores não suprimidos contra 77% com cuidadores suprimidos).
Em uma segunda fase da análise, 40 cuidadores de 49 crianças não suprimidas foram selecionados e receberam aconselhamento de profissionais de saúde. A média de idade dessas crianças também era de nove anos. Quase 80% estavam em um tratamento de primeira linha contra o HIV e cerca de 20% se encontravam em um tratamento de segunda linha, com a maioria tomando dolutegravir.
Após a intervenção, 46 crianças tiveram a carga viral suprimida. Entre as que não alcançaram a supressão viral sustentada, uma perdeu o acompanhamento clínico e duas apresentaram resistência aos medicamentos antirretrovirais. Os pesquisadores consideraram a prática do aconselhamento como altamente eficaz.
Ao final do estudo, os autores identificaram a negligência, a baixa alfabetização/escolaridade e viver em domicílios com insegurança alimentar e sem eletricidade como fatores importantes que influenciaram na não supressão viral sustentada das crianças.
Fonte: site do Aidsmap, de 22 de maio de 2023.