Metade dos imigrantes HSH que vivem com HIV na França adquiriu o vírus após chegada ao país
Cerca de 48% dos imigrantes masculinos gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) que vivem com HIV e residem na França adquiriram o vírus após a chegada ao país. Essa foi a principal descoberta do estudo ANRS-MIE Ganymede, conduzido por Andres Arias-Rodriguez, da Universidade de Sorbonne, em Paris, e publicado em 1 de novembro de 2022 no Journal of the International AIDS Society.
A análise, realizada de 2020 a 2021, recrutou uma amostra aleatória de 997 HSH nascidos em diversos países que recebiam cuidados de HIV na capital francesa. Vinte e oito por cento eram originários da América Latina ou Caribe, 17% da Europa, 17% do norte da África, 14% da África Subsaariana e 24% de outras regiões do mundo.
Os participantes tinham, em média, 27 anos de idade. A maioria (83%) imigrou para a França após os 15 anos, mais comumente para estudar ou conhecer/visitar outro país. Razões econômicas para a imigração foram menos citadas.
Dos 829 voluntários que imigraram após os 15 anos, aproximadamente 38% adquiriram o vírus após a imigração. Quando incluídos os participantes que chegaram à França antes dos 15 anos, essa proporção aumenta para quase 48%. Em 27% dos casos, foi impossível determinar quando a infecção pelo HIV ocorreu.
A aquisição do vírus após a imigração foi mais comum em homens do norte da África (73%), Ásia e Oceania (61%), e África Subsaariana (53%) do que em voluntários de outros países da Europa (47%) e da América Latina e Caribe (39%).
Após investigarem indicadores de integração social, os autores concluíram que os participantes que adquiriram o vírus antes da imigração eram mais propensos a estarem desempregados, em busca de asilo ou com status de imigrante irregular. Essas pessoas, em sua maioria, não tinham acesso a cuidados de saúde.
Fonte: site do Journal of the International AIDS Society, de 1◦ de novembro de 2022.