Tenofovir “antigo” pode ser mais protetor contra a Covid-19
Publicado na Revista Aids, em 3 de outubro de 2022, um estudo que focou em homens que viviam com HIV encontrou uma forte evidência de que o tenofovir disoproxil fumarato (TDF), a formulação mais antiga do medicamento, pode proteger contra a infecção sintomática, hospitalização e admissão em unidade de terapia intensiva (UTI) por Covid-19. A análise foi liderada por Guilin Li, da Universidade de Harvard, em Cambridge, Estados Unidos.
Entre os mais de 20 mil homens que permaneceram no estudo – foram excluídos os que não se encontravam em terapia antirretroviral (TARV) e os que apresentavam uma carga viral acima de 200 cópias/ml -, 12.707 (62%) estavam em uso de tenofovir alafenamida (TAF – a formulação mais recente do tenofovir), 3.805 (19%) tomavam abacavir, 933 (5%) usavam TDF e 3.049 (15%) estavam em outros regimes. A pequena proporção de participantes tomando TDF mostra como o TAF suplantou a versão mais antiga do tenofovir nos Estados Unidos, ao contrário do que acontece na Europa.
Os diferentes braços do estudo apresentaram resultados similares de idade, etnia, uso de drogas, contagem de CD4, peso e pressão arterial. Tal semelhança indica que esses fatores provavelmente não influenciaram os resultados de Covid-19. A média de idade dos voluntários foi de 59 anos. Cerca de 47% eram negros.
A taxa de infecção sintomática por Covid-19 em 18 meses foi de 7,4% em homens que usavam TAF, 7,3% voluntários que tomavam abacavir e 4,9% em pessoas que usavam TDF. Isso significa que os participantes em TDF eram 35% menos propensos a adquirir a doença sintomática. O risco de hospitalização foi de 2% em pacientes em uso de TAF, 2,2% em homens que tomavam abacavir e de apenas 0,9% em participantes em TDF – uma redução de 57%. Quando se mediram as internações em UTI, as taxas foram estatisticamente desconsideradas por serem muito baixas, mas ainda assim houve uma diminuição de 43% em pessoas que tomavam TDF.
Houve apenas um óbito em homens que usavam TDF, em comparação com 12 em participantes que tomavam TAF e 5 em pacientes com abacavir. O índice de mortalidade por outras causas durante a pesquisa foi similar nos três os grupos.
Fonte: site da Revista Aids, de 3 de outubro de 2022.