Casos de monkeypox entre pessoas que vivem com HIV controlado não apresentam piores resultados
Quase quatro meses após o início do surto atual de monkeypox, alguns estudos vêm se debruçando sobre pessoas que vivem com HIV e contraíram essa doença. Embora aqueles que tenham carga viral indetectável e uma alta contagem de CD4 não pareçam apresentar sintomas mais graves, pesquisadores afirmam ainda não saber o que esperar dos pacientes com HIV em estágio mais avançado.
Um estudo, conduzido por John Thornhill, do Imperial College, em Londres, Reino Unido, e publicado no The New England Journal of Medicine, com mais de 500 casos de monkeypox em vários países, descobriu que 41% dos participantes, com status sorológico conhecido, viviam com HIV. Um outro ensaio, liderado por Eloy Tarín-Vicente, do Hospital Universitário 12 de Octubre, em Madri, Espanha, e publicado na revista The Lancet, analisando quase 200 casos da doença em Barcelona e na capital espanhola, mostrou que 40% dos voluntários, que conheciam seus status sorológico, viviam com HIV. As duas pesquisas foram divulgadas em agosto de 2022.
Entre os homens HIV negativos com monkeypox, a maioria utilizava a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV. O levantamento do Reino Unido informou que 79% dos pacientes tomavam ou já haviam feito usodo medicamento por pelo menos dois meses. No estudo espanhol, 57% afirmaram estar em uso da PrEP no mês anterior ao diagnóstico da doença.
De acordo com os ensaios, os pacientes vivendo com HIV foram os mais propensos a procurar os cuidados de saúde. Os pesquisadores ressaltaram que os participantes com carga viral indetectável e em uso regular da terapia antirretroviral, por não transmitirem o HIV, são mais propensos a abandonar o preservativo, o que pode prejudicar a proteção contra uma possível transmissão sexual da monkeypox.
A boa notícia é que as pessoas que viviam com HIV nas duas análises, por terem o vírus controlado, não apresentavam piores resultados em relação a monkeypox. Cerca de 96% dos voluntários estavam em tratamento antirretroviral, com a maioria tomando inibidores da integrase. Quase 95% tinham carga viral indetectável e uma contagem média de CD4 acima de 680 cópias/mmᶾ.
“A apresentação clínica foi semelhante entre aqueles que viviam com HIV controlado e pessoas sem o vírus. Em relação aos que vivem com HIV em estágio mais avançado, são necessárias novas pesquisas para que se chegue a uma conclusão definitiva”, destacaram os autores. Eles também informaram que os pacientes com carga viral indetectável e alta contagem de CD4 não tiveram maior probabilidade de internação em hospitais.
Fonte: site do Aidsmap, de 30 de agosto de 2022.
Links para os estudos:
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2207323
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(22)01436-2/fulltext