Espaço HSH Espaço Trans PrEP, HSH e trans PrEP: tecnologia de prevenção

Perspectivas dos profissionais de saúde sobre a adesão à PrEP entre HSH e mulheres trans no Peru: uma análise qualitativa do estudo de demonstração ImPrEP

A profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV foi implementada no Peru por meio do projeto ImPrEP, focado nas populações gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans. Os profissionais de saúde desempenham um papel significativo para a implementação bem-sucedida da profilaxia naquele país. Suas perspectivas e experiências são necessárias para se entender a adesão à PrEP nesses públicos.

Para conhecer melhor essas perspectivas e experiências, foi promovido o estudo “Perspectivas dos profissionais de saúde sobre a adesão à PrEP entre HSH e mulheres trans no Peru: uma análise qualitativa do estudo de demonstração ImPrEP”, conduzido por Jean Pierre Jiron-Sosa, da Universidade Peruana Cayetano Heredia e outros colaboradores*, e apresentado em forma de pôster na 24ª Conferência Internacional de AIDS (AIDS 2022), realizada em Montreal, Canadá, de 29 de julho a 2 de agosto.

Foram conduzidas entrevistas individuais em profundidade com 11 profissionais de saúde (médicos, psicólogos, parteiras e educadores de pares) de quatro centros do estudo ImPrEP no Peru. A análise explorou quatro questões: aceitabilidade da PrEP entre HSH e mulheres trans, benefícios da profilaxia, barreiras à adesão e situação atual dos serviços de saúde.

Os profissionais relataram que a PrEP foi altamente aceita entre os públicos-alvo do projeto, especialmente entre participantes com vida sexual muito ativa (parceiros múltiplos e sexo sem preservativo), casais sorodiferentes, profissionais do sexo e aqueles que buscam um método alternativo de proteção em substituição ao preservativo. Entre os benefícios oferecidos, os profissionais apontam que a PrEP ajuda HSH e mulheres trans a reduzirem o risco de HIV, ao mesmo tempo que lhes dá maior segurança, confiança e controle sobre a vida sexual.

As visitas aos centros ajudaram a detectar as infecções sexualmente transmissíveis a tempo de manter os participantes sexualmente saudáveis. As principais barreiras de adesão à PrEP entre os dois grupos estudados incluíram baixa percepção de risco de HIV, dificuldades de seguir o regime oral diário, efeitos colaterais e estigmas relacionados à profilaxia.

Os profissionais de saúde também descreveram barreiras estruturais enfrentadas pelos serviços atuais, como capacidade limitada para a oferta de PrEP, infraestrutura inadequada, quantidade insuficiente de profissionais e a urgência de se estabelecer um programa de fornecimento da profilaxia apoiado pelo Ministério da Saúde local.

De acordo com os profissionais de saúde, os participantes com autopercepção de risco para o HIV frequentemente solicitam PrEP, o que auxilia na redução do risco da infecção e no controle sobre a saúde. Em termos de adesão, o esquema oral diário, a percepção de baixo risco de HIV, os efeitos colaterais e os estigmas relacionados à profilaxia foram descritos como as principais barreiras. Importante mencionar que os serviços de saúde cobraram mudanças e melhorias para implementar com o devido sucesso a PrEP dentro do programa de saúde governamental.

*Autores do trabalho:

Jean PierreJiron Sosa, Kelika Konda, Clara Sandoval e Carlos Cáceres, do Centro de Investigação Interdisciplinar em Sexualidade, Aids e Sociedade, da Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru.