O que faz com que parte do público HSH na Austrália opte por não tomar PrEP
Falta de conscientização, percepção de irrelevância, problemas de acesso, efeitos colaterais e impactos sociais são as razões mais comuns para o não uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV entre homens gays e bissexuais/outros homens que fazem sexo com homens (HSH) na Austrália. Esse foi o resultado de estudo liderado por Steven Philpot, do Kirby Institute, em Sydney, e publicado, em abril de 2022, na revista Behavioral Medicine.
Os pesquisadores conduziram uma análise de métodos mistos com base em dados coletados no ensaio Flux, realizado em 2018. A análise quantitativa incluiu a resposta de 1.039 homens HIV negativos que nunca haviam tomado PrEP. A maioria (86%) se identificou como gay e 9% se disseram bissexual. Metade dos participantes tinha mais de 30 anos, 60% reportaram ter completado o ensino superior e a maior parte trabalhava em tempo integral ou parcial.
Cerca de 79% foram alocados no grupo de menor risco de adquirir o HIV. Cinquenta por cento desses voluntários indicaram ter tido um relacionamento com pelo menos um homem nos seis meses anteriores e 80% relataram ter feito sexo com ao menos um parceiro no mesmo período de tempo. Quase 50% de todos os envolvidos no estudo haviam feito o teste de HIV no último semestre. Aqueles pertencentes ao grupo de maior risco foram mais propensos a fazê-lo, informando uma média de 17 parceiros sexuais nos 180 dias que precederam a pesquisa.
Os voluntários foram convidados a responder à seguinte pergunta: “Você gostaria de nos contar mais sobre por que não usar a PrEP para ajudar a evitar o HIV?” Dentre os vários temas que emergiram das respostas, quatro se destacaram: irrelevância, conscientização e acesso, efeitos colaterais na saúde e impactos sociais negativos.
Havia duas razões para se perceber a PrEP como irrelevante. O primeiro motivo era estar em um relacionamento monogâmico ou não monogâmico em que o uso de preservativo era obrigatório. O outro foi a frequência e o tipo de sexo que, para os participantes, não necessitavam do uso da profilaxia. Entre os que indicavam conscientização e acesso como razão, alguns não sabiam o suficiente sobre o medicamento ou como acessá-lo, enquanto outros conheciam, mas tinham dificuldade em conseguir uma receita.
No grupo dos que indicaram preocupações com efeitos colaterais, muitos acreditavam que a PrEP era tóxica. Para os que declararam impactos sociais negativos como motivo para não tomá-la, a maior parte temia que o uso amplo do medicamento fosse prejudicial à comunidade, apontando que qualquer tipo de sexo sem preservativo era irresponsável ou promíscuo.
Os autores destacam que embora a PrEP possa não ser considerada relevante para alguns em um determinado momento, isso pode mudar caso o comportamento sexual seja alterado. Eles acrescentam que diversas pessoas podem se beneficiar da PrEP 2+1+1, que envolve o uso da profilaxia durante períodos de alto risco ou eventos específicos, desde que sejam fornecidas mensagens claras sobre o uso correto do medicamento.
Fonte: site do Behavioral Medicine, de 14 de abril de 2022.
(https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/08964289.2022.2033159?journalCode=vbmd20)