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Estudo aborda envolvimento de populações-chave com a PrEP e o HIV no Zimbábue

Um estudo transversal, conduzido por Tiffany Harris, da Universidade de Colúmbia (EUA), analisou o envolvimento de pessoas gays, bissexuais, transgêneras e queers, identificadas pelo sexo masculino ao nascer, com a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV e o vírus, nas cidades de Harare e Bulawayo, no Zimbábue. O ensaio foi publicado, em 1 de março de 2022, na revista The Lancet HIV.

A pesquisa coletou dados biológicos e comportamentais, em ambientes não-clínicos, no ano de 2019. Os participantes elegíveis eram adultos residentes em Harare e Bulawayo que relataram sexo oral ou anal com pelo menos um homem no ano anterior. O estudo utilizou amostragem orientada por respondentes, onde os voluntários receberam cupons para recrutar colegas.

Os participantes foram convidados a testar para o HIV na primeira visita. Também responderam a um questionário sobre dados demográficos, histórico sexual, comportamentos, conhecimentos e crenças sobre HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), uso de preservativos, uso de álcool e drogas, experiências com serviços direcionados para minorias sexuais e de gênero, e experiências com estigmas e discriminação.

Um total de 1.511 pessoas (695 de Harare e 816 de Bulawayo) foi incluído no estudo. A maioria era jovem, com quase metade (47%) tendo entre 18 e 24 anos. Cerca de 82% eram solteiros e praticamente a totalidade era de negros africanos nascidos no Zimbábue.

Apenas 46% dos voluntários estavam cientes acerca da PrEP. Cerca de 69% dos que conheciam a profilaxia nunca a haviam tomado. Desses, 71% se disseram dispostos a começar. Aqueles que não usavam a PrEP apresentaram os seguintes motivos: não sabiam onde acessá-la (25%), temiam efeitos colaterais (20%), não se sentiam em risco para o HIV (20%), não queriam iniciar o tratamento (14%) e não tinham informações suficientes (6%). Quinze por cento não responderam.

Entre os participantes que já haviam tomado a profilaxia, a maioria (75%) o fez nos seis meses anteriores. Daqueles com uso recente, 70% relataram uso diário e 43% tomaram o medicamento no dia em que responderam à pesquisa. No grupo dos que descontinuaram a PrEP, as principais razões foram: medo de efeitos colaterais (60%), confiança no parceiro (7%), incapacidade de acessá-la (5%) e preocupação com outras pessoas descobrirem (2%).

De todos os homens gays e bissexuais do estudo, 248 (21%) viviam com o HIV. Desses, 94% informaram estar em tratamento antirretroviral (TARV). Quase 79% dos que estavam em TARV tinham supressão viral. Somente 48% relataram conhecer seu status sorológico para o vírus.

Entre as mulheres trans e indivíduos queer, 92 (28%) estavam vivendo com o HIV. Noventa e um por cento relataram estar em TARV. Cerca de 87% apresentavam supressão viral. Pouco mais de 36% disseram saber do status sorológico para o vírus.

De acordo com os autores, os participantes que se relacionavam com educadores de pares e interagiam com serviços de HIV, como testagem e recebimento de preservativos, eram mais propensos ao uso da profilaxia.

Fonte: site do Aidsmap, de 8 de abril de 2022.

(https://www.aidsmap.com/news/apr-2022/zimbabwe-needs-targeted-interventions-scale-prep-and-hiv-testing-among-gay-and)

Link para o estudo: https://www.thelancet.com/journals/lanhiv/article/PIIS2352-3018(21)00297-6/fulltext#%20