Ações afirmativas melhoram aceitação da PrEP em comunidade trans
Dois estudos recentes, realizados na Califórnia, nos Estados Unidos, mostram que a oferta da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV em ambulatórios trans melhorou significativamente a aceitação do medicamento junto à comunidade local. Ambos os trabalhos, que empregaram estratégias como educação de pares, eventos comunitários e serviços de PrEP flexíveis fora do horário de expediente, foram publicados, em 15 de dezembro de 2021, no Journal of Immune Deficiency Syndromes.
No estudo TRIUMPH, liderado por Jae Sevelius, do Departamento de Medicina da Universidade da Califórnia, os pesquisadores ofereceram cuidados holísticos trans afirmativos juntamente com a profilaxia. Foram inscritos 185 participantes, em duas clínicas de PrEP, entre outubro de 2017 e março de 2020. Sessenta e oito por cento dos voluntários se identificaram como mulheres trans, 15% como homens trans, 11% como não-binários e 6% se recusaram a responder.
O Stay Study, conduzido por Erin C. Wilson, da Unidade de Pesquisa para Equidade Trans, do Departamento de Saúde de São Francisco, inscreveu 153 participantes que frequentavam clínicas de PrEP e serviços de atenção primária, entre agosto de 2017 e janeiro de 2019. Trinta e dois por cento se disseram mulheres cis, 46% mulheres trans, 6% não-binários e 16% homens trans.
Os dois estudos recolheram dados sobre saúde, estilo de vida e PrEP, a cada três meses durante um ano. No TRIUMPH, a adesão à profilaxia foi monitorada por testes de sangue, enquanto no Stay Study foi autorrelatada pelos participantes.
Vale destacar que apenas 43% dos participantes do TRIUMPH completaram o período de 12 meses de estudo. No Stay Study, esse número subiu para 64%. Os pesquisadores acreditam que vários fatores, como altas taxas de moradia instável, uso de substâncias químicas, mudanças nas necessidades de saúde sexual e pandemia de Covid-19, contribuíram para as desistências.
No TRIUMPH, 4% dos voluntários já estavam em uso de PrEP, 87% iniciaram a profilaxia durante o programa e 8% nunca iniciaram a PrEP. No geral, 11% achavam que o risco de aquisição do HIV era “provável” e compareceram a mais consultas do que aqueles que se consideravam em risco baixo. Os que relataram níveis mais altos de uso de substâncias químicas e maior número de parceiros sexuais também participaram mais visitas de estudo.
No Stay Study, as clínicas de PrEP tiveram níveis consistentemente mais altos de inclusões para início da profilaxia do que as clínicas de atenção primária. Aqueles envolvidos em trabalhos sexuais, os que tinham pelo menos três parceiros e os com maior risco percebido de HIV foram mais propensos a serem atendidos nas clínicas voltadas para a profilaxia. A principal barreira identificada pelos pesquisadores, em 22% dos participantes, foram as preocupações com efeitos colaterais.
A equipe do Stay Study concluiu que um modelo de serviço exclusivo de PrEP, direcionado à comunidade trans, com flexibilidade fora do horário comercial, melhorou o acesso à profilaxia. O estudo TRIUMPH mostrou alta adoção de à PrEP em locais clínicos devido ao envolvimento e educação do público trans em torno da profilaxia.
Fonte: site do Aidsmap, de 10 de fevereiro de 2022.
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