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Casos de hepatite C diminuem em pessoas que vivem com HIV à medida que o acesso ao tratamento se amplia

A disponibilidade de antivirais de ação direta levou a uma redução de cerca de 50% de novos casos de hepatite C entre pessoas que vivem com HIV em países de alta renda. Essa foi a conclusão de um estudo, conduzido por Daniela Van Sante, do Burnet Institute, de Melbourne, na Austrália, e apresentado em forma de pôster na 24ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI 2022), realizada virtualmente de 12 a 24 de fevereiro.

Para investigar o impacto dos antivirais de ação direta na incidência da doença, a Colaboração Internacional para a Eliminação da Hepatite C em Coortes de HIV reuniu dados de 105.402 pessoas residentes na França, Espanha, Suíça, Holanda e Austrália.

Os participantes foram selecionados para a inclusão na análise desde que tivessem um teste inicial de anticorpos de hepatite C. Novos casos da doença foram identificados por meio de um resultado positivo de RNA. O momento da infecção foi fixado como o meio do caminho entre o último exame negativo e o teste positivo.

Entre 2010 e 2019, 45.943 pessoas foram elegíveis para inclusão no estudo e 2.051 adquiriram hepatite C durante o período de acompanhamento. Desses, 72% eram gays/outros homens que fazem sexo com outros homens (HSH), com 0,4% relatando o uso de drogas injetáveis.

A incidência da doença ficou relativamente estável entre 2010 e 2015, mas caiu drasticamente entre 2015 e 2019: de 0,91 casos por 100 pessoas-ano de acompanhamento para 0,46 casos por 100 pessoas-ano.

A redução na incidência foi mais elevada na Austrália e na Holanda, os dois países com maior número de casos antes da introdução dos antivirais de ação direta. Os números também diminuíram na França e na Suíça e ficaram estabilizados, com uma leve tendência de queda na Espanha.

“Os dados dos estudos sugerem que os antivirais de ação direta possuem a capacidade de prevenir a hepatite C, mas isso só funciona em quem tem acesso amplo aos medicamentos. Precisamos monitorar se esse efeito será sustentado ao longo do tempo”, concluiu Van Sante.

Fonte: site da CROI, de 17 de fevereiro de 2022.

(https://www.croiconference.org/abstract/effect-of-direct-acting-antivirals-on-hcv-incidence-among-people-living-with-hiv/)