Mensagens importantes na live ImPrEP sobre o Dia Nacional de Visibilidade Trans. Confira aqui.
Para marcar o Dia Nacional de Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro, o ImPrEP realizou, em 1/2/20221, uma live especial, com a presença de importantes ativistas trans brasileiras: Laylla Monteiro e Bianca Fernandes, educadoras comunitárias do Laboratório de Pesquisas Clínicas em DST/Aids do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/Fiocruz, Maria Eduarda Aguiar, presidente do Grupo Pela Vida, e Fernanda Falcão, ex-educadora de par do ImPrEP em Recife. O encontro virtual contou com a mediação de Alessandra Ramos e Julio Moreira, coordenadores comunitários do ImPrEP para as populações trans e HSH, respectivamente.
Laylla iniciou abordando o preconceito enfrentado pelas mulheres trans: “A transfobia é uma realidade que nos faz pensar sempre em visibilidade. O ódio que incide sobre a gente ainda é grande. Precisamos avançar no que diz respeito aos direitos básicos”. Em seguida, foi a vez de Maria Eduarda: “Parece mentira, mas começamos o ano com a notícia de mais dois assassinatos de pessoas trans. Por isso, digo que a visibilidade tem que ser coletiva, da causa como um todo. As mulheres trans negras possuem ainda menos direitos que as brancas. Existe desigualdade dentro da nossa própria comunidade”.
Em sua fala seguinte, Laylla contou sobre o trabalho desenvolvido pela Fiocruz: “Aqui, nós cuidamos da saúde das mulheres trans como um todo. Saúde do corpo e da mente. As travestis não frequentam a unidade de saúde só para tratar do HIV, por exemplo. Esse, aliás, é mais um estigma que precisamos derrubar”. Maria Eduardo lembrou outro ponto importante: “Uma questão fundamental é a do nosso nome social. Não existe cidadania sem nome. Eu passei por esse sofrimento, uma humilhação. Era preciso pedir para que me chamassem como uma mulher. Essa também é uma questão de saúde, pois é inviável o atendimento sem direitos sociais”.
Fernanda entrou no debate: “Ainda lutamos pelo primeiro direito básico, o direito à vida. O dia 29 de janeiro é para lembrar todo o sangue derramado, um marco de luta pela saúde e liberdade de nossos corpos. Apesar disso, considero um dia feliz. Foi um presente que ganhamos para brigar pelo que é nosso”. Foi a deixa para Bianca entrar na conversa: “Ainda falta muito para que a mulher trans alcance a sua cidadania. Sofremos diariamente com preconceitos e estigmas. Na rua, no trabalho, nos postos de saúde, em qualquer lugar. Por isso, essa data é tão importante. Não temos o que comemorar, temos que lutar”.
A importância da PrEP
O encontro continuou com Alessandra falando sobre a importância da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV para a saúde da população trans: “A PrEP é uma revolução, mas é importante destacar que ela é somente uma das ferramentas da mandala de prevenção combinada. O preservativo, o autoteste, o gel lubrificante e a profilaxia pós-exposição (PEP) também são itens indispensáveis”. Bianca continuou: “Ser usuária de PrEP faz toda a diferença na minha vida. É muito mais fácil a gente defender uma ideia que acreditamos. Quando falo da profilaxia para uma mulher trans, falo com conhecimento de causa. De fato, ela é só mais uma ferramenta de prevenção ao HIV, mas é muito poderosa”.
Maria Eduarda opinou sobre a melhor forma de levar PrEP à população trans: “É preciso ir ao território delas e conversar. Passar o nosso conhecimento. Isso é muito mais eficaz do que uma campanha realizada na internet, por exemplo. Outra demanda importante são os governos investirem no trabalho de educadores e educadoras de pares”. Laylla corroborou com a fala de Maria Eduarda: “Desde 2014 a gente vai nos guetos e fala a língua delas. Nessa hora, não adianta usar termos técnicos. Esse primeiro contato é fundamental, mas é um caminho longo a ser percorrido, um trabalho de formiguinha”. Fernanda também deu o seu ponto de vista: “Tenho consciência que ainda precisamos avançar muito no que diz respeito ao conhecimento sobre a PrEP. É um trabalho que vamos fazer, mas para isso é preciso contar com o auxílio do Ministério da Saúde”.
Para encerrar a live, Alessandra pediu uma mensagem final de cada participante. Laylla: “Sempre digo para as mulheres trans não desistirem de lutar por seus direitos.Vamos mostrar a nossa força”. Em seguida, foi a vez de Maria Eduarda: “Concordo com a Laylla. Só a gente sabe das dificuldades que enfrentamos. A sociedade quer nos estigmatizar, mas não vai conseguir. Seguimos firme na luta contra a transfobia”. Bianca seguiu a mesma linha: “É preciso humanizar as relações com as mulheres trans. Chega de tanta violência. E não falo só de violência física. A violência psicológica também nos machuca muito”. Fernanda fechou o encontro com uma fala contundente: “Minha fala é para você, pessoa hetero cisnormativa: respeite nossos corpos e utilize dos seus privilégios para fortalecer a nossa luta, não para nos violentar. Só teremos um Brasil igual quando todos tiverem direito à vida”.
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