Distribuição de autotestes de HIV liderada pela comunidade tem maior aceitação no Maláui
Um estudo realizado no Malawi, na África, descobriu que campanhas que visam implementar o autoteste de HIV, cujo desenho e a realização são liderados pela comunidade, podem aumentar rapidamente a aceitação dos testes e da terapia antirretroviral (TARV) entre populações carentes. O ensaio, conduzido por Pitchaya Indravdh, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, entre 2018 e 2019, foi publicado, em maio de 2021, na revista on-line PLOS Medicine.
O estudo investigou o impacto, a segurança e os custos da mobilização de grupos comunitários de saúde para liderar a concepção e a implementação de campanhas de autotestagem. Essas ações visavam aumentar a demanda por autotestes e por TARV em grupos vulneráveisde áreas de alta prevalência do vírus no Malawi. No distrito rural de Mangochi, um dos locais em que o estudo foi realizado, o HIV atinge mais de 10% da população adulta.
A entrega dos autotestes foi realizada por voluntários das comunidades em suas respectivas áreas. Foram fornecidos kits que também contavam com material informativo sobre a terapia antirretroviral e ferramentas de coleta de dados. Os voluntários entregaram o material de porta em porta, em locais fixos (como escolas e mesquitas) ou em pontos sociais (como docas de pesca e campos esportivos). Cuidados extras, como o fornecimento de um número de telefone e transporte para as clínicas em caso de resultado positivo, foram incluídos. No total, distribuíram-se 24.136 kits.
A maioria dos participantes que receberam os autotestes tinha educação primária ou inferior, era casada e relatou ter pelo menos um parceiro sexual fixo. Os adolescentes mostraram maiores diferenças na alfabetização,religião, etnia e estado de saúde autorrelatado. Os homens participaram mais do que as mulheres.
Os resultados mostraram que os testesrecentes de HIV (realizados nos últimos três meses) aumentaram em 67,1% entre os adolescentes, 42,1% entre os idosos e 40,2% entre os homens. O conhecimento mútuo do status de HIV entre parceiros sexuais aumentou 14,1% e a incidência de início da TARV cresceu mais de 30% após a intervenção.
Indravdh e equipe sugerem que esse modelo de autoteste, liderado pela comunidade, pode ser usado em outras doenças, como a malária e a tuberculose. Além disso, destacam que o impacto alcançado em um curto período de tempo torna esse tipo de ação uma candidata promissora para programas nacionais de HIV ao redor do mundo.
Fonte: site do Aidsmap, de 14 de julho de 2021.
Link para o estudo: https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1003608