Espaço HSH PrEP, HSH e trans

Estratégias de recrutamento on-line e in loco são complementares para alcançar HSH de alto risco por um grande serviço de PrEP no Rio de Janeiro

Novos casos de infecção pelo HIV continuam aumentando entre homens cisgêneros que fazem sexo com homens (HSH) no Brasil. Para mitigar a epidemia de HIV, é crucial alcançar e envolver essa população nos serviços de profilaxia pré-exposição (PrEP), especialmente os mais jovens e de baixa renda.  O estudo “Estratégias de recrutamento on-line e in loco são complementares para alcançar HSH de alto risco por um grande serviço de PrEP no Rio de Janeiro, Brasil”, realizado por Daniel Bezerra e outros pesquisadores* do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), da Fiocruz, e apresentado em forma de pôster na Aids 2020 (julho, EUA), comparou as duas estratégias adotadas pelo Laboratório de Pesquisas Clínicas do instituto.


Os HSH com alto risco de infecção pelo HIV foram recrutados por meio de estratégias on-line e in loco. As estratégias on-line incluíram anúncios em aplicativos de encontro (Hornet e Grindr) e mídias sociais (Facebook / Instagram) para aumentar a conscientização sobre a PrEP e a testagem para HIV. Já as estratégias in loco consistiram no recrutamento por educadores de pares em locais gays, encaminhamento por amigos ou profissionais de saúde e auto-encaminhamento. Os critérios de elegibilidade para a PrEP foram definidos de acordo com as recomendações brasileiras para o uso da profilaxia.

De março de 2018 a outubro de 2019, 2.246 HSH compareceram ao serviço de prevenção do HIV procurando por testagem, aconselhamento e estratégias de prevenção do HIV, como PrEP e PEP – profilaxia pós-exposição. 28,9% (649 pesquisados) foram recrutados on-line e 1.597 (71,1%) por meio de estratégias in loco.

A proporção de HSH mais jovens, não brancos e com baixa escolaridade foi maior entre os recrutados por estratégias baseadas no local em comparação com os on-line. Já a prevalência de HIV foi de 10,7%,  maior entre HSH recrutados por estratégias baseadas no local (12,0% vs. 7,7%, p = 0,03).

Entre HSH não infectados por HIV, 74,6% eram elegíveis para PrEP, e a proporção foi maior entre HSH recrutados on-line. Entre os HSH elegíveis, 56,4% aderiram à profilaxia, com proporção maior também entre os recrutados on-line. O início da PEP foi maior entre HSH recrutados off-line (18,3% vs. 8,2%, p <0,001).

O estudo conclui que estratégias on-line e baseadas no local são complementares para alcançar HSH de alto risco. Enquanto as estratégias on-line alcançaram mais HSH com maior risco de infecção pelo HIV e elegíveis para a PrEP, as estratégias baseadas no local atingiram HSH mais jovens, não brancos e com menor escolaridade.

*Autores do trabalho: Daniel Bezerra, Thiago Torres, Lara Coelho, Cristina Jalil, Eduardo Carvalheira, José Roberto Grangeiro, Daniel Waite, Toni dos Santos Araújo, Josias Freitas, Caíque Cerqueira, Laylla Monteiro, Cléo Oliveira, Luciana Kamel, Nilo Fernandes, Sandra Cardoso, Brenda Hoagland, Valdiléa Veloso e Beatriz Grinsztejn, todos do INI/Fiocruz

Para acessar o material apresentado na conferência:

https://072c29bf-78ce-4b02-a3e0-a26d952f1d18.filesusr.com/ugd/947d0b_f868deb7c3124ea286cbce731d50ce0c.pdf