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BeT: PELA SAÚDE E VISIBILIDADE TRANS

“O entendimento e a compreensão dessas questões pelos profissionais de saúde são fundamentais para que a população trans se sinta acolhida e acesse os serviços de saúde, amenizando os reflexos da situação de vulnerabilidade na qual se encontra”, afirma uma das pesquisadoras do BeT, Emilia Jalil, doutora em Ciências Médicas e pesquisadora em Saúde Pública.

O estudo de intervenção comportamental abrangerá travestis e mulheres trans da cidade do Rio de Janeiro e região metropolitana, de 18 a 24 anos, e tem como um dos pontos centrais aumentar o engajamento em prevenção e tratamento ao HIV entre as participantes, incluindo a opção pela profilaxia pré-exposição (PrEP). Um outro aspecto muito importante é fortalecer a capacidade de as participantes atingirem seus objetivos pessoais a partir de orientações e suportes fornecidos pelo projeto: “Cada participante traça suas metas individuais, que vão desde a escolha pelas tecnologias de prevenção combinada ao HIV até questões como moradia e trabalho”, explica Emilia. 

Fases do estudo

O BeT está sendo desenvolvido em duas fases. Na primeira, foram realizadas entrevistas com 10 médicos de clínicas do Rio de Janeiro e com 10 integrantes do BeT para “ouvir e entender” os dois lados – material que serviu de base para a criação de uma campanha de comunicação, apresentada nas clínicas para profissionais de saúde em junho e julho passados.

Na sequência, ainda na primeira fase,um projeto piloto está sendo realizado, que acompanhará 20 travestis e mulheres trans durante um ano. O piloto prevê a realização de entrevistas com as jovens trans seguidas de interação digital – via Facebook ou WhatsApp – para aumentar a prevenção e o tratamento ao HIV. Essa interação digital será feita por três meses, seguida de acompanhamento por mais nove meses. A segunda fase, prevista para o segundo semestre de 2020, buscará  a ampliação do projeto piloto, com um total de 150 participantes.

“O BeT vem contribuir, também, para o enfrentamento do estigma por que passa a população trans”, avalia a pesquisadora. Esse estigma, muitas vezes, começa dentro de casa, com a rejeição por parte da família, passando pela falta de acesso à educação, pelo desemprego, pela instabilidade de moradia e pelo baixo acesso ao sistema de saúde, alémdas vivências constantes de situações de violência das quais as pessoas transsão alvo.

O projeto também visa consolidar o conhecimento junto aos profissionais de saúde sobre os direitos já conquistados pela população trans, como o uso do nome social nas unidades do SUS. Reduzindo a discriminação e estigma nos serviços de saúde será possível diminuir significativamente as barreiras ao acesso de pessoas trans aos cuidados à saúde.

“É fundamental que a sociedade avance à luz dos conhecimentos atuais, como a retirada da transexualidade, desde junho de 2018,da categoriade transtornos mentais, uma vez que a identidade de gênero passa a não ser mais considerada uma doença. O acesso a informação por parte dos profissionais de saúde e o suporte a essa população extremamente marginalizada são essenciais para a melhoria da qualidade de vida das travestis e mulheres transexuais”, finaliza Emilia.