O ImPrEP no CROI 2019
Há muitos anos, um evento relacionado à epidemia de HIV/Aids não chama tanta atenção no mundo como ocorreu, de 4 a 7 de março, com a tradicional Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI 2019), em sua 26ª edição, realizada em Seattle (EUA).
E o motivo é animador: foi relatado, pelo Dr. Ravindra Gupta da University College London, o caso “paciente de Londres”, um homem HIV positivo que recebeu um transplante de medula óssea de um doador com imunologia similar como tratamento para o linfoma de Hodgkin. Após o transplante, ele permaneceu sem HIV detectável e sem terapia antirretroviral por 18 meses. Com isso, abrem-se novos caminhos para a incessante batalha na busca pela cura da Aids.
E o ImPrEP esteve lá, ao lado de dezenas de pesquisadores da International AIDS Society (IAS), apresentando pôsteres com resultados de estudos do uso da profilaxia pré-exposição que vêm sendo conduzidos junto a homens que fazem sexo com homens e mulheres trans, no Brasil, Peru e México.
Pelo ImPrEP Brasil estiveram presentes no CROI 2019 a pesquisadora principal Valdiléa Veloso, a co-pesquisadora principal Beatriz Grinsztejn, a coordenadora clínica Brenda Hoagland, a coordenadora do projeto, Cristina Pimenta e o pesquisador Thiago Torres. Pelo ImPrEP Peru, os pesquisadores Kelika Konda, Juan Vicente Guanira e Carlos Cáceres, e pelo ImPrEP México, os pesquisadores Hamid Vega, Florentino Badial e Steven Diaz.
Foram apresentados três pôsteres com análises específicas acerca de uma pesquisa online conduzida no primeiro semestre de 2018 entre a população de gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens nos três países. A média dos respondentes desta pesquisa foi de 28 anos. A principal conclusão da primeira análise, intitulada Associação entre Alto Risco e o Conhecimento de PrEP, realizado com aproximadamente 20 mil participantes, indica a necessidade de haver mais ações de comunicação para o devido conhecimento da PrEP, em especial junto aos HSH com maior risco de infecção, sugerindo incremento de informações via redes sociais, em especial aquelas utilizadas por gays.
A análise “Disposição para Uso de Autoteste para o HIV”, conduzida junto a cerca de 19 mil HSH, relatou baixos índices de disponibilidade por parte dos participantes, apontando ser preciso empreender maiores esforços para um melhor conhecimento da ferramenta e quebra de barreiras, acreditando ser fundamental a inclusão do item autoteste para o HIV nas ações de implementação da PrEP nos três países.
Já o terceiro estudo, “Barreiras e Dificuldades Relacionadas à PrEP”, que ouviu quase 20 mil HSH, mostrou que a principal barreira é a informativa, e não comportamental ou relativa a crenças. No entanto, para os participantes mais bem informados a barreira informativa mostrou-se baixa, reforçando a necessidade de um número maior de intervenções de conhecimento e educação.
Sobre o CROI
A Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI) foi criada em 1993 para estabelecer um fórum para cientistas básicos e investigadores clínicos apresentarem, discutirem e analisarem criticamente suas investigações sobre epidemiologia e biologia de retrovírus humanos e doenças associadas.
A sinergia da ciência básica e da investigação clínica tem sido um dos principais contribuintes para o sucesso da reunião. O CROI é a mais importante reunião de pesquisa sobre o HIV no mundo e atrai mais de 4.000 líderes de pesquisa em HIV/AIDS internacionalmente. O CROI facilitou a apresentação de importantes descobertas no campo, acelerando assim o progresso na pesquisa sobre HIV/AIDS.