PrEP: tecnologia de prevenção

Características da infecção pelo HIV entre usuários da PrEP com CAB-LA

Uma carta aos editores da do periódico New England Journal of Medicine, em sua edição de outubro de 2024, discorre sobre a infecção por HIV entre pessoas que fazem uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV com o cabotegravir injetável de longa duração (CAB-LA).  

Assinada por Raphael Landovitz, da Universidade da Califórnia, e outros colaboradores, entre eles Beatriz Grinsztejn, do INI/Fiocruz, o texto destaca especialmente os atrasos observados no diagnóstico por HIV nesse contexto, fenômeno que nomearam de “inibição viral precoce de ação prolongada” (ou síndrome LEVI). Os autores afirmam que a apresentação laboratorial e clínica da infecção pelo HIV entre aqueles que apresentam a síndrome LEVI difere da apresentação clássica da infecção viral aguda do vírus.

Os casos foram observados entre 3.446 participantes dos estudos HPTN 083 e HPTN 084, nos quais foram detectadas 41 ocorrências de infecção por HIV. Segundo os autores, em 17 dos 41 casos, o diagnóstico de infecção se deu com atraso, seja em testes rápidos, seja em testes de antígenos e anticorpos. Entre esses 17 casos, 14 participantes receberam pelo menos uma injeção de CAB-LA seis meses antes ou depois de o vírus ser detectado. Em 10 desses 14 voluntários, observaram-se casos de resistência ao inibidor de integrasse (INSTI), incluindo aqueles que se infectaram por HIV mesmo tendo recebido as injeções de CAB-LA sem atrasos.  

Segundo os autores, o teste de carga viral do HIV pode detectar a infecção antes que a resistência aos INSTI surja. No entanto, os testes de carga viral são mais suscetíveis a resultados falso-positivos entre usuários de CAB-LA, o que pode criar sofrimento desnecessário aos pacientes, além da suscetibilidade de interromper desnecessariamente a PrEP e início indevido do tratamento antirretroviral.

Diante desses resultados, os autores afirmam que, ao interpretar os resultados do teste de HIV em pessoas que estão recebendo o CAB-LA, é necessário um período prolongado de observação e repetição de testes antes que a infecção possa ser confirmada ou descartada, e ressaltam que atrasos no diagnóstico podem estar associados à resistência aos INSTI.  Além disso, enfatizam a necessidade de novas pesquisas para compreender melhor a ocorrência da “inibição viral precoce de ação prolongada” e para desenvolver opções de tratamento mais eficazes para usuários do CAB-LA.

Link para o artigo: https://www.nejm.org/doi/abs/10.1056/NEJMc2402088