HIV, IST e Outros

Impacto da implementação de serviços diferenciados para o tratamento do HIV em Moçambique

Em 2018, o Ministério da Saúde de Moçambique lançou as diretrizes para a implementação de um novo modelo de prestação de serviços diferenciados, com base em grupos comunitários e abordagem familiar, para melhorar a retenção à terapia antirretroviral ao HIV e reduzir a taxa de mortalidade associada ao vírus.

Estudo conduzido por Dorlim Uetela, do Instituto Nacional de Saúde, localizado na cidade de Marracuene, em Moçambique, e outros pesquisadores, investigou a relação custo-efetividade e o impacto orçamentário do novo modelo em comparação com os serviços convencionais. A análise foi publicada, em 27 de maio de 2024, no Journal of the International AIDS Society.

Para a realização da pesquisa, os investigadores utilizaram um modelo denominado de “árvore de decisão”, por meio das porcentagens de inclusão em cada um dos modelos (novo ou convencional), de 2019 a 2024. Os custos foram calculados por intermédio da relação paciente-ano, de acordo com os dados do sistema do Ministério da Saúde local.

Após a implementação do novo modelo, houve um aumento médio de 14,9% na retenção ao tratamento do HIV de 2019 a 2021 e de 47,6% de 2022 a 2024. Em comparação com os serviços convencionais, o novo modelo atingiu uma economia de mais de 6 milhões de dólares de 2019 a 2021 e de aproximadamente 33,5 milhões de dólares de 2022 a 2024.

Desde 2019, os custos totais do novo modelo foram de cerca 550 milhões de dólares contra quase 590 milhões de dólares gastos pelos serviços convencionais. Vale destacar que, durante todo o período de acompanhamento, mais da metade dos pacientes que viviam com o vírus em Moçambique optou pela mudança para o novo modelo, alegando como principal motivo uma abordagem mais humana e menos estigmatizante dos profissionais de saúde e de agentes comunitários.

Segundo os autores, o novo modelo foi menos dispendioso e mais eficaz na retenção à terapia antirretroviral ao HIV, principalmente nos doze primeiros meses após o início do tratamento. Eles ressaltam que parte do valor economizado pelo governo moçambicano foi utilizado em campanhas nacionais de prevenção ao vírus.

Fonte: site do Journal of the International AIDS Society, de 27 de maio, de 2024.

(https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jia2.26275#msdynttrid=Sq3mO4ALnhfeoNyE0lqhXJzmhoNlnliE6fS1R6Zl-Bs)