Carga viral baixa mas persistente pode aumentar risco de doenças graves não relacionadas ao HIV
Ter uma carga viral baixa mas persistente – acima de 50 cópias/ml e abaixo de 1.000 cópias/ml – pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças graves não relacionadas ao HIV, como doença renal crônica, doenças cardíacas, alguns tipos de câncer, entre outras enfermidades. Essa foi a principal descoberta de um estudo publicado, em 4 de abril de 2024, na revista Open Forum Infectious Diseases. A análise foi conduzida por Anuradha Ganesan, da Universidade de Maryland, em Baltimore, nos Estados Unidos, e outros pesquisadores.
O estudo incluiu, de 1996 a 2020, 2.528 membros do serviço militar norte-americano com testes positivos para o vírus. Foram considerados elegíveis aqueles que tivessem pelo menos três medições de carga viral, com a primeira sendo realizada seis meses após o início da terapia antirretroviral ao HIV. Depois do começo da análise, as cargas virais passaram a ser medidas anualmente.
Quase 95% dos participantes eram do sexo masculino, 40% brancos e 17% hispânicos ou de outras etnias. A média de idade registrada no momento do diagnóstico do HIV foi de 28 anos. Pouco menos de um quarto dos voluntários iniciaram o tratamento contra o vírus antes do ano 2000.
Durante o período de acompanhamento de 11 anos, 3% atingiram a categoria de viremia de baixo nível (carga viral de 50 cópias/ml a 200 cópias/ml), 4% alcançaram a categoria viremia baixa de alto nível (carga viral de 201 cópias/ml a 1.000 cópias/ml) e 23% apresentaram falência virológica (carga viral acima de 1.000 cópias/ml). Os demais tinham o vírus suprimido (carga viral abaixo de 50 cópias/ml).
Um total de 439 eventos graves não relacionados ao HIV ocorreu entre os participantes da pesquisa. Os mais registrados foram doença renal crônica (192 casos), doença arterial coronariana sem ataque cardíaco (50 casos), câncer de próstata (23 casos), ataque cardíaco (22 casos), câncer anal (21 casos), trombose (20 casos) e cirrose hepática (19 casos). Cerca de 70% desses diagnósticos aconteceram em indivíduos com viremia de baixo nível ou viremia baixa de alto nível.
Os autores destacam a importância das descobertas desse estudo, mas afirmam que são necessárias novas análises, maiores e mais diversificadas, para se investigar a relação entre a viremia de baixo nível e as doenças graves não relacionadas ao HIV.
Fonte: site da Open Forum Infectious Diseases, de 4 de abril de 2024.
(https://academic.oup.com/ofid/article/11/4/ofae147/7638036?login=false)