Proibição da relação entre HSH prejudica testes de HIV na África
Um estudo, conduzido por Melissa Neuman, da Escola de Higiene e Medicina Tropical, em Londres, no Reino Unido, e outros pesquisadores, concluiu que homens que se declaram gays e bissexuais (HSH) que vivem em países do continente africano em que a relação entre pessoas do mesmo sexo é legal tinham maior probabilidade de realizar o teste de HIV, em comparação com aqueles que moram em locais do mesmo continente onde a homossexualidade é proibida por lei. A pesquisa foi publicada, em 13 de maio de 2024, no BMJ Journals.
De 2019 a 2022, um total de 3.191 homens gays e bissexuais, HIV negativos, que viviam em 44 países do continente africano (19 tinham a relação entre pessoas do mesmo sexo legalizada), responderam a um inquérito on-line anônimo. Foram fornecidas informações demográficas, além de dois relatos sobre testagem de HIV: se já haviam feito o teste em algum momento da vida adulta e se o tinham realizado nos seis meses anteriores ao estudo.
A faixa etária da amostra variou de 25 a 34 anos, com 71% se identificando como gays e 25% bissexuais. A maioria possuía ensino médio ou superior completo (93%) e residia em cidades consideradas médias ou grandes (61%).
No geral, 86% relataram a realização do teste de HIV em algum momento da vida adulta, enquanto 66% indicaram testes nos seis meses anteriores à pesquisa. Para os investigadores, houve uma associação positiva entre a realização de testes de HIV e países onde a relação entre pessoas do mesmo sexo é legalizada. Nesses lugares, registrou-se um aumento de 8% nos testes feitos em qualquer ocasião e 6% nos testes recentes.
O efeito de políticas públicas direcionadas ao enfrentamento do HIV se mostrou ainda mais potente. Os pesquisadores encontraram um aumento de 14% no número total de testes de HIV realizados em países que ofereciam algum tipo de intervenção governamental, em comparação com locais em que os governos não atuavam no combate ao vírus.
Segundo os autores, a África do Sul é o único país da região que possui leis que punem de maneira severa a discriminação da população LGBTI+. Eles ressaltam a importância de tal medida e afirmam ser urgente que outros países mirem-se nesse exemplo, a fim de reduzir os danos causados pela homofobia e pelo estigma no continente, inclusive nos serviços responsáveis pela testagem do HIV.
Fonte: site do BMJ Journals, de 13 de maior de 2024.