Conscientização sobre Indetectável = Intransmissível entre minorias sexuais e de gênero no Brasil, México e Peru
O slogan Indetectável = Intransmissível (I = I) comunica o fato deque pessoas que vivem com HIV e fazem uso contínuo da terapia antirretroviral não transmitem o vírus. Apesar de ser uma evidência científica, ela ainda não é um consenso entre a população em geral e mesmo entre profissionais da área de saúde. Reforçar essa compreensão pode contribuir significativamente para diminuir o estigma em relação a essas pessoas.
Para produzir dados sobre a conscientização atual sobre o tema, um estudo avaliou a confiança no slogan I=I entre minorias sexuais e de gênero no Brasil, México e Peru a partir de um questionário on-line divulgado em aplicativos de encontros e em redes sociais. Publicado na edição de abril de 2024 do periódico AIDS and Behavior, o artigo é assinado por Kelika Konda, da Universidade do Sul da Califórnia (EUA) e outros autores, incluindo pesquisadores do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz*.
Como parâmetro de avaliação, o artigo considerou as diferenças entre os países participantes, assim como a distinção nas respostas a partir de três grupos: pessoas que vivem com HIV, pessoas com sorologia desconhecida e pessoas com status negativo. De abril a agosto de 2021, 21.590 voluntários completaram o questionário.
No Brasil e no México, 89% dos respondentes demonstraram confiança no slogan I=I, sendo que no Peru o resultado foi de 64%. Quanto à comparação a partir do status de HIV, 96% das pessoas vivendo com o vírus reportaram conscientização sobre o slogan, enquanto os resultados foram de 88% e 70% para pessoas com sorologia negativa e com status desconhecido, respectivamente. Notou-se, ainda, que fazer ou já ter feito uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV foi um fator associado à maior conscientização sobre o slogan, já baixos níveis de escolarização e menor renda foram associados à menor conscientização.
Os resultados demonstraram haver alta conscientização sobre I=I nesses três países, mas com variações significativas entre eles, assim como em relação ao status de HIV e aos aspectos sociodemográficos. Estratégias de divulgação sobre I=I poderão ser mais eficazes se forem direcionadas aos perfis que apresentaram os menores resultados na pesquisa.
Link para o artigo: https://link.springer.com/article/10.1007/s10461-024-04336-9
* Autores do artigo:
Kelika Konda (1, 2), J. Qquellon (2), Thiago Torres (3), Hamid Vega-Ramirez (4), Oliver Elorreaga (2), C. Díaz-Barriga (5), D. Diaz-Sosa (4), Brenda Hoagland (3), Juan Guanira (2), Marcos Benedetti (3), Cristina Pimenta (6), Heleen Vermandere (7), Sergio Bautista-Arredondo (7), Valdiléa Veloso (3), Beatriz Grinsztejn (3) e Carlos Cáceres (2).
(1) Escola de Medicina Keck, Universidade do Sul da Califórnia, Los Angeles, EUA.
(2) Centro de Investigação Interdisciplinar em Sexualidade, Aids e Sociedade, Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru.
(3) Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil.
(4) Instituto Nacional de Psiquiatria Ramón de la Fuente Muñiz, Cidade do México, México.
(5) Faculdade de Estudos Superiores Iztacala, Universidade Nacional Autônoma do México, Cidade do México, México.
(6) Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Ministério da Saúde, Brasília, Brasil.
(7) Instituto Nacional de Saúde Pública, Cidade do México, México.