TARV injetável: boa opção para pessoas com HIV que têm dificuldade de adesão ao esquema oral
A terapia antirretroviral (TARV) usando injeções mensais de cabotegravir e rilpivirina pode ser uma opção eficaz no tratamento do HIV para pessoas que têm dificuldade de manter a supressão viral com comprimidos diários, concluiu um estudo, conduzido por Aadia Rama, da Universidade do Alabama, em Birmingham, nos Estados Unidos, e outros pesquisadores. A análise foi apresentada na 31ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada de 3 a 6 de março, em Denver, nos Estados Unidos.
De janeiro de 2022 a fevereiro de 2024, o ensaio incluiu 434 pessoas, de 30 clínicas privadas norte-americanas, que apresentaram uma resposta viral fraca (carga viral persistente e acima de 200 cópias/ml) ou que tiveram o acompanhamento clínico prejudicado devido a uma adesão inadequada à TARV. Todas foram examinadas para ter a certeza de que o tipo de HIV não era resistente aos medicamentos do estudo.
A maioria dos participantes (65%) era de homens, com idade média de 40 anos, sendo que 20% tinham menos de 30 anos. Quase 66% eram negros, 27% brancos e 17% latinos. Foram incluídas pessoas com uso ativo de drogas e álcool (14% possuíam histórico de drogas injetáveis). Aproximadamente 15% apresentavam carga viral bastante elevada (acima de 100.000 cópias/ml).
Os voluntários começaram tomando um tratamento oral padrão de três medicamentos diários, durante 24 semanas, recebendo apoio e incentivo financeiro visando à melhor adesão e à supressão viral. A partir da 25ª semana, todos foram designados aleatoriamente para continuar com o tratamento oral padrão ou mudar para injeções de cabotegravir e rilpivirina administradas uma vez por mês.
Após 52 semanas, 24% dos participantes que tomavam cabotegravir e rilpivirina e 39% dos que recebiam o tratamento oral padrão apresentavam falência virológica (carga viral acima de 200 cópias/ml). Esses índices foram considerados elevados pelos pesquisadores. No entanto, ao final do período de acompanhamento de dois anos, esse quadro mudou completamente: foi constatada uma taxa de falência virológica de apenas 6% nos voluntários do braço de cabotegravir e rilpivirina e de 15% nos participantes do braço do tratamento oral padrão. Os investigadores consideraram esses números altamente satisfatórios.
De acordo com os autores, mais de 90% dos voluntários designados para o braço do cabotegravir e rilpivirina tomaram as injeções na hora certa (apenas 2% abandonaram o tratamento). Os efeitos colaterais mais observados foram sensibilidade, dor, inchaço e vermelhidão no local da aplicação, que normalmente desapareciam em poucas horas. Três pessoas tiveram reações graves às injeções e voltaram imediatamente para o tratamento oral padrão.
Fonte: site da CROI, de 4 de março de 2024.