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Análise aponta que maioria das crianças com HIV não controla o vírus após interrupção da TARV

Uma pequena proporção de crianças que iniciam a terapia antirretroviral (TARV) nos primeiros dois dias de vida conseguiu atingir uma supressão viral contínua após a interrupção do tratamento. Essa foi a principal conclusão de um estudo, liderado por Deborah Persaud, da Faculdade de Medicina Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos, e outros pesquisadores. O ensaio foi apresentado na 31ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada de 3 a 6 de março, em Denver, nos Estados Unidos.

De 2017 a 2023, o estudo incluiu 54 crianças com alto risco de aquisição in útero do HIV, no Brasil, Estados Unidos, Tailândia e em diversos países da África Subsaariana. Como um diagnóstico positivo para o vírus pode levar algum tempo, os bebês foram iniciados preventivamente na TARV 48 horas após o nascimento.

A maioria das crianças, em virtude de uma adesão inconsistente aos medicamentos, não conseguiu manter a supressão viral por muitas semanas. Aquelas que apresentaram carga viral indetectável a partir da semana 48 foram elegíveis para uma interrupção do tratamento, desde que não tivessem em processo de amamentação, não apresentassem DNA detectável do HIV nas células sanguíneas periféricas e mantivessem uma contagem de CD4 normal.

Seis crianças (quatro meninas e dois meninos), todas da região da África Subsaariana, preencheram os critérios e interromperam a TARV. A média de idade no momento da interrupção era de 5,5 anos. Inicialmente, os pesquisadores planejavam retirar os medicamentos das crianças elegíveis por volta dos três anos de idade, mas a pandemia de Covid-19 tornou isso impossível.

Duas das seis crianças (uma menina e um menino) tiveram uma recuperação viral de três a oito semanas após a interrupção do tratamento. As outras quatro alcançaram a remissão do HIV sem a TARV durante pelo menos 48 semanas. Dessas, uma menina manteve a carga viral indetectável por quase um ano, antes de experimentar uma recuperação viral, e as outras três mantiveram o vírus suprimido até o final do período de acompanhamento do estudo.

Todas as crianças da análise que tiveram rebote viral recuperaram a supressão viral após retornarem ao tratamento. Dessas, duas desenvolveram síndrome retroviral aguda (sintomas semelhantes ao da gripe quando o sistema imunológico começa a combater o vírus) e uma apresentou contagem baixa de glóbulos brancos. Nenhum outro evento clínico ou imunológico preocupante foi identificado.

Fonte: site da CROI, de 6 de março de 2024.

(https://www.croiconference.org/abstract/art-free-hiv-1-remission-in-very-early-treated-children-results-from-impaact-p1115/)