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Terapia tripla baseada no dolutegravir suprime de forma eficaz o HIV-2

Embora o dolutegravir seja recomendado para o tratamento do HIV-2 (subtipo menos comum do vírus, que propicia uma carga viral mais baixa e uma evolução mais lenta da infecção), existem poucos dados clínicos que demonstrem a sua eficácia. Estudo conduzido por Patrícia Pacheco, do Hospital Professor Fernando Fonseca, localizado na cidade de Amadora, em Portugal, e outros pesquisadores, aponta que o medicamento, combinado com outras duas substâncias, conseguiu suprimir a carga viral da maioria dos participantes. A análise foi publicada, em 30 de janeiro de 2024, na revista Clinical Infectious Diseases.

Um total de 141 pessoas foram incluídas na pesquisa, de maio de 2017 a julho de 2019, oriundas de seis clínicas especializadas no tratamento do HIV, todas situadas em Lisboa. Para integrar o estudo, os participantes deviam viver somente com o HIV-2 – uma coinfecção pela forma mais comum do HIV (HIV-1) levaria à exclusão do estudo – e ter uma contagem de células CD4 inferior a 500 células/mm³.

A maior parte era do sexo feminino (73%) e 88% eram da região da África Ocidental. A média de idade era de 55 anos e todos os indivíduos, exceto um, relataram ter adquirido o HIV-2 por meio de relação heterossexual.

Após testes para detecção de resistência aos medicamentos, os voluntários foram divididos em dois grupos: 130 receberam o dolutegravir associado ao abacavir e a lamivudina, enquanto o restante recebeu dolutegravir com tenofovir e entricitabina. No total, 137 pessoas tiveram adesão perfeita ao tratamento e completaram a pesquisa.

Ao final do período de acompanhamento, aproximadamente 60% dos indivíduos, de ambos os grupos, apresentavam supressão viral e um aumento médio de 96 células/mm³ na contagem de células CD4. O resultado foi classificado como satisfatório pelos pesquisadores. Um ano após o término da análise, esses participantes continuaram sendo monitorados e todos permaneciam com a carga viral suprimida.

Segundo os autores, os efeitos colaterais registrados ao longo do estudo foram considerados escassos e leves. Cerca de 20% dos voluntários informaram dores de cabeça nos primeiros meses de medicação e 13% terem sentido náuseas no mesmo período. Apenas uma pessoa teve que interromper o tratamento, já em fase final, por ter desenvolvido intolerância ao dolutegravir.

Fonte: site da Clinical Infectious Diseases, de 30 de janeiro de 2024.

(https://academic.oup.com/cid/article/77/5/740/7192102?login=false)