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Serviços diferenciados de HIV melhoram retenção ao tratamento

A cobertura e a retenção na terapia antirretroviral (TARV) são consideradas insuficientes em Moçambique. Para reduzir a taxa de mortalidade relacionada ao HIV, em novembro de 2018, o Ministério da Saúde local introduziu um modelo de prestação de serviços diferenciados, baseado em menos visitas clínicas, aconselhamento personalizado, distribuição comunitária de medicamentos antirretrovirais, entre outras melhorias. Esse estudo, conduzido por Dorlim Uetela, do Instituto Nacional de Saúde de Moçambique, e outros pesquisadores, investigou os efeitos da prestação de serviços diferenciados entre os pacientes que vivem com o vírus. A análise foi publicada, em 30 de outubro de 2023, na revista The Lancet HIV.

O principal objetivo da pesquisa era comparar a retenção na TARV em pessoas que começaram o tratamento nos 12 meses anteriores a novembro de 2018 e aquelas que iniciaram a terapia de dezembro de 2019 a dezembro de 2020. No período pré-introdução da prestação de serviços diferenciados, os participantes compareciam mensalmente aos postos de saúde para consultas clínicas e dispensação de medicamentos. Após a introdução, os voluntários mudaram para modelos estabelecidos de acordo com suas necessidades.

Foram incluídos 1.131.118 indivíduos que iniciaram a TARV em 613 unidades de saúde de Moçambique, durante o período do ensaio. No total, 64% eram mulheres cisgênero, 20% jovens/adolescentes e 7% crianças.

No primeiro ano do estudo, antes da introdução da prestação de serviços diferenciados, a taxa de retenção na TARV era de 57,4%. Em dezembro de 2020, esse número havia subido para 68,6%. Os pesquisadores estimaram que cerca de 40% dos participantes que abandonaram o tratamento antes da introdução da prestação de serviços diferenciados teriam sido retidos na TARV após a sua introdução.

Embora a retenção tenha aumentado em ambos os sexos e em todas as faixas etárias, ela foi maior nos homens (29%) e nos jovens/adolescentes (28%), em comparação com as mulheres (21%) e as crianças (6%).

Os autores informam que, durante a pesquisa, o Ministério da Saúde de Moçambique alterou a recomendação de tratamento antirretroviral à base de efavirenz para o tratamento à base de dolutegravir, o que pode ter aumentado a tolerabilidade aos medicamentos entre os pacientes. Ainda de acordo com eles, novos estudos são necessários para se investigar de forma mais abrangente a retenção na TARV após a introdução da prestação de serviços diferenciados.

Fonte: site da The Lancet HIV, de 30 de outubro, de 2023.

(https://www.thelancet.com/journals/lanhiv/article/PIIS2352-3018(23)00184-4/fulltext#%20)