2023 Notícias

Severidade da mpox entre pessoas vivendo com HIV

Na sua edição de outubro de 2023, o periódico AIDS publicou artigo que investigou a associação entre a severidade da monkeypox (mpox) e o status de HIV entre pacientes do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, no Rio de Janeiro. O estudo foi conduzido por Mayara Secco e outros pesquisadores do Instituto* a partir de pacientes diagnosticados com mpox de junho a dezembro de 2022 – 418 indivíduos foram incluídos na análise, dos quais 52.1% eram de pessoas vivendo com HIV.

Segundo os autores, as pessoas com HIV e com diagnóstico para mpox tenderam a desenvolver mais frequentemente febre, lesões anogenitais e proctite. A taxa de internação foi de 10,5% (43 indivíduos do total de 418, sendo 24 deles pessoas vivendo com HIV). O motivo principal para a hospitalização visou ao controle de dor devido às lesões provocadas pela mpox, com as pessoas com HIV tendendo a necessitar mais de procedimentos invasivos.

O fator central relacionado à severidade da mpox entre pessoas vivendo com HIV foi associada à deficiência na rotina de cuidados com o HIV, o que pode ser verificado pela baixa contagem de células de CD4+ (abaixo de 200 células/ml). Ocorreram duas mortes entre os indivíduos internados, ambos com HIV e com baixa adesão aos medicamentos de terapias antirretrovirais (TARV).

Embora o número de pessoas vivendo com HIV internadas não tenha sido consideravelmente maior do que entre indivíduos HIV negativos, as complicações derivadas da mpox entre pacientes com imunossupressão reforçam a necessidade da adesão à TARV. Segundo concluem os autores, em um país marcado por desigualdades, como o Brasil, a resposta ao surto de mpox deve levar em consideração também os cuidados com o HIV.

Link para o artigo: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37812389/

* Autores do artigo:

Mayara Secco Silva, Carolina Coutinho, Thiago Torres, Eduardo Peixoto, Matheus Bastos, Maira Mesquita, Isabel Tavares, Hugo Andrade, Paula Reges, Pedro Martins, Amanda Echeverría-Guevara, Ronaldo Moreira, Flavia Lessa, Brenda Hoagland, Estevão Nunes, Sandra Cardoso, Valdiléa Veloso e Beatriz Grinsztejn, todos do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil.