Preferências de PrEP entre mulheres transgênero asiáticas
Estudo apresentado na 23ª Conferência da International AIDS Society sobre Ciência do HIV (IAS 2023), realizada de 23 a 26 de julho em Brisbane, na Austrália, apontou que a adesão de mulheres transgênero no continente asiático à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV aumentaria consideravelmente se ela fosse gratuita, injetável, sem efeitos colaterais, pudesse ser acessada via clínicas comunitárias e se serviços adicionais, como testes de infecções sexualmente transmissíveis (IST), fossem oferecidos. Warittha Tieosapjaroen, do Centro de Saúde Sexual da cidade australiana de Melbourne, liderou a análise.
De maio a novembro de 2022, 1.522 mulheres trans do Camboja, China, Filipinas, Índia, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Nepal, Tailândia e Vietnã foram incluídas no estudo. Os dados foram coletados por meio de aplicativos de encontro, plataformas de redes sociais e listas de e-mail das comunidades locais.
As participantes tinham em média 28 anos de idade, com a maioria (63%) relatando múltiplos parceiros sexuais, 38% reportando praticar sexo sem preservativo e 16% tendo sido diagnosticadas com alguma IST nos seis meses anteriores à inclusão. Todas foram solicitadas a indicar a modalidade de PrEP mais adequada, local do serviço, custo, frequência das consultas, efeitos colaterais indesejáveis e serviços adicionais preferenciais.
Os pesquisadores constataram que 46% das entrevistadas já tinham usado a profilaxia, 30% a conheciam, mas jamais a haviam tomado e 10% a estavam utilizando na inclusão do estudo. As demais nunca tinham ouvido falar no medicamento.
Os principais fatores que influenciaram as voluntárias a iniciarem o uso da PrEP foram o baixo custo (62%), a modalidade da profilaxia (10%), localização do serviço (8%), serviços adicionais (8%), frequência de consulta (7%) e pequenos efeitos colaterais (5%).
A modalidade de PrEP mais apontada pelas voluntárias que ainda não utilizavam a profilaxia foi a injetável de longa duração, com uma adesão prevista pelos pesquisadores em 87%. Em contrapartida, a modalidade menos apontada foi a profilaxia baseada em implantes subcutâneos, com uma adesão prevista de 50%. A adesão prevista da PrEP oral diária ficou em 60%.
Os autores afirmam que é necessário um investimento urgente para aumentar a conscientização sobre PrEP e o acesso aos serviços relacionados à profilaxia na região. Segundo eles, também é fundamental uma seleção mais abrangente de produtos que melhor se alinhem com o desejo das mulheres trans asiáticas.
Fonte: site da IAS 2023, de 24 de julho de 2023.
(https://programme.ias2023.org/Abstract/Abstract/?abstractid=2769)