Aumentam os diagnósticos de diabetes gestacional em mulheres com HIV no Reino Unido e na Irlanda
A edição de 3 de abril de 2023 do Journal of the International AIDS Society traz estudo acerca do aumento dos diagnósticos de diabetes gestacional em mulheres que vivem com HIV no Reino Unido e na Irlanda, quando comparados com o restante da população. A pesquisa foi liderada por Laurette Bukala, da Universidade College London, localizada na capital inglesa.
Realizada de 2010 a 2020, a análise avaliou 10.401 gestações em 8.998 mulheres que viviam com HIV. Gestações em que as mulheres adquiriram o vírus durante o período da gravidez ou em que o parto ocorreu antes de 24 semanas (aborto espontâneo ou parto muito prematuro) foram excluídas. Vale ressaltar que o número de gestações de mulheres que viviam com HIV no Reino Unido e na Irlanda caiu pela metade entre o primeiro e o último ano do estudo (de pouco menos de 1.300 em 2010 para pouco mais de 600 em 2020).
As mulheres foram rastreadas para diabetes gestacional entre a 24ª e a 28ª semanas de gravidez, desde que tivessem um índice de massa corporal igual ou superior a 30 kg/m², um bebê anterior com peso elevado no nascimento e um histórico familiar de diabetes. Pertencer a um grupo étnico minoritário com alta prevalência da doença também foi levado em conta pelos pesquisadores.
A prevalência de diabetes gestacional em mulheres que viviam com HIV aumentou de 2,7% em 2010 para 10,3% em 2020. Como a proporção de grávidas com mais de 35 anos cresceu de 32% para 52% durante o mesmo período, os pesquisadores afirmam que a idade mais avançada pode ser um fator impulsionador do aumento da prevalência da doença. No entanto, o estudo não foi capaz de confirmar a relação entre a diabetes gestacional e outros fatores até então considerados de risco.
Em comparação com as grávidas que viviam com HIV e não desenvolveram a diabetes gestacional, as gestantes que viviam com o vírus e foram diagnosticadas com a doença tinham maior probabilidade de serem mais velhas, descendentes de negros africanos ou caribenhos e de terem usado algum medicamento antirretroviral em uma gestação anterior.
Os autores explicam que o aumento no número de casos de diabetes gestacional em mulheres que vivem com HIV também pode ser explicado pelos efeitos do vírus na resistência à insulina, bem como pelo crescimento da obesidade em toda a população do Reino Unido e da Irlanda. Afirmam ainda que o risco aumentado de fetos natimortos em mulheres com a doença requer uma atenção redobrada no tratamento da diabetes gestacional nessa população em especial.
Fonte: site do Journal of the International AIDS Society, de 3 de abril de 2023.