Embora profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV na modalidade oral esteja disponível no Reino Unido desde 2017, a adesão ao medicamento tem sido considerada baixa, sobretudo entre as mulheres.  Nesse sentido, um estudo publicado em 1° de junho de 2023, na revista The Lancet HIV, investigou as barreiras e facilitadores do acesso à PrEP entre mulheres cisgênero e transgênero britânicas. A pesquisa foi liderada por Isabelle Whelan, da Universidade Queen Mary, localizada em Londres.

De 2021 a 2022, foram analisados 20 ensaios clínicos, com aproximadamente 20 mil mulheres residentes no Reino Unido, incluindo sete artigos já apresentados em conferências internacionais.  Os pesquisadores consideraram as amostras superficiais e diversas, com pouca sobreposição de dados entre elas.

Identificaram-se barreiras no acesso à PrEP nos níveis individual, interpessoal e estrutural. Os principais entraves apontados foram a pouca conscientização sobre a profilaxia (80% não a conheciam), a baixa aceitabilidade, o estigma (citado por 65%), a raça/etnia e o acesso restrito ao medicamento.

Também foram encontradas subpopulações de mulheres que poderiam se beneficiar da PrEP, das quais quase nada se sabia sobre seus conhecimentos, preferências e nível de acesso à profilaxia. Essas subpopulações incluíam mulheres de descendência africana não negras, migrantes, trans, profissionais do sexo, usuárias de drogas injetáveis e aquelas que sofriam de violência doméstica por parte dos parceiros íntimos.

No que diz respeito aos facilitadores, os pesquisadores constataram que a maioria se interessava pela PrEP quando passava a conhecê-la. Para essas mulheres, a profilaxia era uma importante ferramenta para a negociação de sexo seguro com seus parceiros, por exemplo. No entanto, essa perspectiva variava de acordo com a idade e a percepção de sexo seguro, normalmente definida por conteúdos disponíveis nas redes sociais.

Os autores lamentam que os estudos locais sobre a utilização da PrEP pelo público feminino ainda sejam restritos e afirmam que, sem uma melhor compreensão das necessidades e preferências de todo o espectro de mulheres que poderiam se beneficiar da profilaxia, o Reino Unido não alcançará a meta de transmissão zero do HIV até 2030.

Fonte: site da revista The Lancet HIV, de 1° de junho de 2023.

(https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2352301823000802)