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Estudo alemão investiga necessidades e cuidados de saúde sexual de HSH transgênero

Um estudo alemão, conduzido por Max Appenroth, do Instituto Robert Koch, em Berlim, e publicado, em 24 de abril de 2023, no Journal of the International AIDS Society, aponta que gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) transgênero enfrentam uma série de desigualdades em comparação com HSH cisgênero, incluindo acesso reduzido a cuidados de saúde sexual e vidas sexuais menos satisfatórias.

De outubro de 2017 a janeiro de 2018, os investigadores usaram dados da Pesquisa Europeia de HSH para comparar a saúde sexual, a saúde mental e fatores sociodemográficos de 122 HSH trans da Alemanha com mais de 22 mil HSH cis do continente. Os participantes trans eram mais jovens, com idade média de 29 anos, enquanto os voluntários do grupo cis tinham, em média, 39 anos.

Quase 75% dos HSH trans relataram renda insuficiente para viver confortavelmente em comparação com cerca de 50% dos HSH cis. Os pesquisadores dizem que a diferença de renda se deve ao fato de os participantes trans serem mais jovens, porém sugerem que a discriminação também desempenhou um papel importante na análise.

Em termos de saúde mental, os resultados indicam que ambos os grupos experimentaram graus de depressão e ansiedade que variaram de moderado a grave. No entanto, os voluntários trans tinham três vezes mais chances de sofrer dessas enfermidades do que os indivíduos cis (15% contra 5%). Além disso, uma quantidade maior de HSH trans apresentou comportamentos suicidas em comparação aos HSH cis (41% contra 16%).

Os resultados também apontam mais participantes trans infelizes com sua vida sexual do que os voluntários cis (34% contra 22%). Os homens trans relataram sexo sem proteção com maior frequência (18% contra 11%) e indicaram menor capacidade de dizer não ao sexo indesejado (23% contra 12%).

No geral, os participantes trans tiveram pior acesso aos cuidados de saúde quando comparados aos voluntários cis. Menos homens trans já haviam realizado um teste de HIV (24% contra 41%) ou um teste de infecção sexualmente transmissível (45% contra 55%). Os autores afirmam que uma das razões para essa disparidade é o estigma enfrentado em postos de saúde, o que faz com que pessoas trans, muitas vezes, ainda evitem procurar esse tipo de serviço.

Fonte: site do Journal of the International AIDS Society, de 24 de abril, de 2023.

(https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/jia2.25992)