EUA registram altas taxas de HIV e morte prematura entre mulheres transgênero
A edição de 28 de fevereiro de 2023 da revista The Lancet HIV traz os resultados de um estudo, conduzido por Andrea Wirtz, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos, focado em mulheres transgênero residentes no país. A análise aponta taxas elevadas de novas infecções pelo HIV e mortalidade prematura entre essa população.
No geral, 1.312 mulheres trans HIV negativas foram incluídas no estudo, realizado de março de 2018 a agosto de 2020, nas regiões sul e leste dos Estados Unidos. A participação podia ser digital (escolha de 578 voluntárias) ou baseada em clínicas particulares (opção de 734 participantes), com avaliações presenciais nos meses 12 e 24. Quando eram detectados problemas de saúde mental, uso abusivo de drogas ou alto risco de HIV, as mulheres eram imediatamente direcionas aos serviços de apoio psicológico.
Durante o período de acompanhamento, 15 voluntárias soroconverteram para o HIV, totalizando uma taxa de 0,55% ao ano. Dessas, sete nunca haviam tomado a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV, sete já tinham usado o medicamento e uma não respondeu à pergunta. Para os pesquisadores, esses dados sugerem que são necessárias ações que estimulem a adesão e a retenção à PrEP. As taxas de infecção pelo HIV foram mais altas entre as mulheres baseadas nas clínicas particulares em comparação com as que participaram de forma digital (0,87% contra 0,16% ao ano).
Nove participantes morreram, indicando uma taxa de 0,33% ao ano. As mortes foram atribuídas a assassinato, suicídio, overdose, parada cardíaca, entre outras condições de saúde. Nenhuma estava diretamente relacionada ao HIV.
Os fatores que aumentaram a probabilidade de infecção pelo vírus e de morte incluíram morar em estados do sul, usar drogas estimulantes e estar em um relacionamento com um homem cisgênero. Mulheres trans latinas e aquelas que foram presas nos 12 meses anteriores ao estudo apresentavam maior risco de morte, enquanto as mulheres negras registravam maior probabilidade de contrair o HIV.
Fonte: site da revista The Lancet HIV, de 28 de fevereiro de 2023.
(https://www.thelancet.com/journals/lanhiv/article/PIIS2352-3018(23)00008-5/fulltext#%20)