2023 Notícias

Mulheres estão sub-representadas em ensaios clínicos para o HIV nos EUA

Estudo publicado em 9 de janeiro de 2023, na revista AIDS, chama a atenção. Liderado por Shuang  Zhou, da Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA), o trabalho concluiu que existe uma baixa representatividade de mulheres cisgênero em ensaios clínicos de medicamentos antirretrovirais no país.

De 2010 a 2020, a equipe de pesquisadores debruçou-se sobre 18 ensaios clínicos de fase III de medicamentos antirretrovirais que passaram pela análise do FDA, com cerca de 13 mil participantes (aproximadamente 5.300 nascidos nos Estados Unidos). No total, apenas 15% eram mulheres. Entre essas participantes, 45% eram brancas, 36% negras e 7% asiáticas.

Considerando-se apenas os norte-americanos, a disparidade entre homens e mulheres se mostrou ainda maior: somente 11% dos voluntários eram do sexo feminino. Dessas, 62% eram negras e 34% brancas. Em comparação com as pessoas do sexo masculino, as mulheres eram, em média, cinco anos mais velhas, tinham contagens de CD4 significativamente mais baixas e apresentavam piores resultados na terapia antirretroviral.

A divisão por gênero e raça também comprovou a sub-representação de mulheres, principalmente as negras, nos ensaios clínicos de antirretrovirais. Em 2020, 11% e 4% do total de pessoas que viviam com HIV nos Estados Unidos eram, respectivamente, de mulheres negras e mulheres brancas, enquanto, nesses estudos, era de apenas 7% (negras) e 3% (brancas).

A equipe do estudo calculou que a Taxa de Prevalência de Participação nos ensaios clínicos de antirretrovirais era de 0,8 para mulheres brancas e 0,63 para mulheres negras. De acordo com os pesquisadores, uma taxa de prevalência 1 significa que a porcentagem de um grupo recrutado para um estudo reflete a mesma porcentagem dessa população no mundo real.

Após analisarem os ensaios clínicos de antirretrovirais por dez anos, os autores observaram que a inclusão de pessoas do sexo feminino não melhorou durante o período. Eles afirmam que essa disparidade pode fazer com que algumas diferenças na eficácia e segurança dos medicamentos, entre homens e mulheres, não sejam percebidas.

Fonte: site da revista AIDS, de 9 de janeiro de 2023.

(https://journals.lww.com/aidsonline/pages/articleviewer.aspx?year=9900&issue=00000&article=00183&type=Abstract)