Tratamento com islatravir tem resultados similares a outros antirretrovirais
Um estudo apresentado na 30ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada de 19 a 22 de fevereiro de 2023, em Seattle, nos Estados Unidos, concluiu que o declínio na contagem de glóbulos brancos, comum em quem toma o antirretroviral islatravir, não está associado a uma piora na condição clínica de pessoas que vivem com HIV. Também se descobriu que a combinação do medicamento com doravirina é tão eficiente quanto a terapia antirretroviral (TARV) realizada com outras substâncias. A análise foi liderada por Jean-Michel Molina, da Universidade de Paris, na França.
De 2021 a 2022, foram recrutadas 672 pessoas, de 15 países, que continuaram usando o mesmo medicamento antirretroviral ou mudaram seus regimes para doravirina/islatravir. Pouco mais de um terço (36%) eram mulheres e 26% negros ou afro-americanos. O tempo médio de TARV era de 2,7 anos no início do estudo. Menos de 10% dos participantes tinham contagens de CD4 abaixo de 350 células/mm³.
Uma análise primária na semana 48 mostrou que a mudança para o tratamento à base de doravirina/islatravir não apresentou resultados inferiores em comparação com aqueles que não trocaram seus regimes originais. No total, 95% dos voluntários do grupo doravirina/islatravir e 94% dos indivíduos do grupo sem troca mantiveram a carga viral abaixo de 50 cópias/ml. Foram registrados três casos de rebote viral no grupo sem troca e nenhum no grupo doravirina/islatravir.
Ainda na semana 48, as contagens de CD4 aumentaram, em média, 30 células/mm³ no braço sem troca e caíram 38 células/mm³, em média, no braço doravirina/islatravir. No entanto, os pesquisadores afirmam que a diferença não foi considerada clinicamente significativa, pois a média de CD4 registrada no braço doravirina/islatravir foi considerada satisfatória (677 células/mm³) no mesmo período.
As contagens totais de linfócitos caíram 10% no grupo doravirina/islatravir na semana 48 e permaneceram estáveis no grupo sem troca. Contudo, uma análise de eventos adversos apontou que isso não resultou em diferenças clínicas acentuadas nas infecções. As taxas de Covid-19 foram de 5% nos dois grupos.
Um evento adverso grave relacionado ao medicamento ocorreu no braço doravirina/islatravir e cinco participantes desse braço resolveram descontinuar o tratamento. Nenhum evento adverso grave foi registrado no braço sem troca.
Fonte: site da CROI de 27 de fevereiro de 2023.