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Infecção recente pelo HIV em minorias sexuais e de gênero no Brasil e no Peru é tema de investigação do ImPrEP

O ImPrEP esteve presente na 30ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada de 19 a 22 de fevereiro de 2023, em Seattle, nos Estados Unidos, por meio do pôster “Infecção recente por HIV em minorias sexuais  e de gênero no Brasil e no Peru: estudo ImPrEP”. O trabalho foi apresentado oralmente por Thiago Torres, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, que conduziu a análise ao lado de outros colaboradores do Grupo de Estudos de Soroincidência do projeto*. O principal objetivo foi estimar a taxa de infecções recentes de HIV entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans nos dois países.

De 2018 a 2021, o estudo incluiu pessoas pertencentes a minorias sexuais e de gênero, maiores de 18 anos e que procuravam clínicas de infecções sexualmente transmissíveis (IST) e serviços de prevenção do HIV no Brasil e no Peru. Foram excluídos indivíduos que viviam com o vírus ou que faziam uso das profilaxias pré e pós-exposição (PrEP e PEP) ao HIV.

Dos 7.362 voluntários selecionados, 7.116 (97%) foram elegíveis e inscritos (4.700 no Brasil e 2.416 no Peru). A maioria era composta por HSH cisgênero, com menos de 30 anos e ensino médio incompleto. Cerca de 35% relataram mais de cinco parceiros sexuais nos seis meses anteriores, 79% terem feito sexo sem preservativo, 20% informaram apresentar sintomas de IST e 14% se envolver em relações de sexo transacional. Quase 27% apontaram uso de substâncias químicas e 57% uso excessivo de bebidas alcoólicas (bingedrinking).

A prevalência de HIV foi de 13,7%. Desses, 17,2% foram classificados como infectados recentemente (81 participantes do Brasil e 84 do Peru).

Os modelos multivariáveis mostraram que praticar sexo sem preservativo aumentou a chance de infecção recente por HIV nos dois países. Além disso, vale destacar que ser mais jovem aumentou a chance de infecção recente pelo vírus no Peru.

Segundo os autores, políticas e intervenções de saúde pública para aumentar o acesso à PrEP são necessárias nos dois países. No Peru, a aprovação de uma nova política de prevenção combinada é considerada urgente.

*Autores do trabalho:

Thiago Torres (1), Sylvia Teixeira (2), Brenda Hoagland (1), Kelika Konda (3), Monica Derrico (1), Juan Guanira (3), Marcos Benedetti (1), Sandro Nazer (1), Gino Calvo (3), Cristina Pimenta (4), Beatriz Grinsztejn (1), Celia Landmann Szwarcwald (5), Carlos Caceres (3) e Valdiléa Veloso (1), do Grupo de Estudos de Soroincidência do ImPrEP

(1)Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil

(2)Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil,

(3)Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru

(4)Ministério da Saúde, Brasília, Brasil

(5)Instituto de Comunicação e Informação Cientifica e Tecnológica em Saúde, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil