2023 Notícias

Alta discriminação contra pessoas LGBTI+ em hospitais da Índia

A discriminação contra pessoas LGBTI+ é bastante alta nos serviços de saúde público e privado da Índia, afirma um estudo qualitativo liderado por Lakshya Arora, do Tata Institute of Social Sciences,  em Mumbai. De acordo com a análise, publicada em 25 de novembro de 2022, na revista Sexual and Reproductive Health Matters, o estigma e a discriminação de indivíduos de diferentes orientações sexuais e expressões de gênero atuam como uma barreira no acesso à saúde e violam os direitos humanos.

Entrevistas em profundidade foram realizadas, de março a agosto de 2019, com 115 pessoas autoidentificadas como LGBTI+ que procuraram serviços em seis hospitais nas cidades de Mumbai e Nova Delhi, além de 23 profissionais de saúde cisgênero e heterossexuais. Participaram da análise hospitais públicos e filantrópicos.

A administração hospitalar e os serviços de saúde são concebidos na Índia segundo o gênero binário, excluindo, por diversas vezes, indivíduos diversos. Uma mulher trans relatou: “No ambiente hospitalar, tudo é classificado como binário – sejam as filas do ambulatório, registros médicos, enfermarias ou banheiros. Me sentia muito mais confortável em ambientes femininos, mas em quase todos os locais eu era mantida isolada”.

Os participantes LGBTI+ sentiam que a falta de treinamento dos profissionais de saúde resultava em incidentes discriminatórios, incluindo humilhações, ataques e ameaças. Um homem trans compartilhou: “Quando fui ao médico por causa de um resfriado, ele ficou chocado ao saber que tenho barba e vagina. Fui obrigado a mostrar minhas partes íntimas e ele tentou me registrar, contra a minha vontade, em um ensaio clínico”.

Voluntários que vieram de diferentes classes socioeconômicas, castas, religiões e regiões do país também relataram discriminação. Uma mulher lésbica deu um depoimento que evidenciava o preconceito por orientação sexual e identidade de gênero. “Primeiro, a médica me perguntou sobre medidas anticoncepcionais mesmo depois que  revelei a minha sexualidade. Em seguida, me receitou uma droga psiquiátrica de alta dosagem, pois presumiu que, por ser lésbica, eu enfrentava pressões psicológicas e familiares. Me senti humilhada”.

“Precisamos reformar nossas políticas de saúde para que todas as pessoas LGBTI+ se sintam à vontade para buscar serviços em clínicas primárias ou comunitárias, bem como em hospitais terciários”, afirmou Arora. Ela sublinhou que é obrigação dos órgãos públicos indianos priorizarem a inclusão no que diz respeito a sexualidade e gênero.

Fonte: site da revista Sexual and Reproductive Health Matters, de 25 de novembro de 2022.

(https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/26410397.2022.2104678)