Pessoas que vivem com HIV e têm baixa contagem de CD4, histórico de terapia antirretroviral (TARV) mal conduzida, doença renal crônica, diabetes ou tuberculose ativa apresentam maior probabilidade de morrer de Covid-19 do que outras pessoas que vivem com HIV. Essa foi a principal conclusão de estudo conduzido por Reshma Kassanjee, da Universidade da Cidade do Cabo, realizado na província de Western Cape, na África do Sul. A pesquisa foi publicada, em 17 de novembro de 2022, na revista MedRxiv.

O estudo monitorou mais de 60 mil pessoas que viviam com HIV entre março de 2020 e março de 2022. Dessas, 17.821 receberam diagnóstico positivo de Covid-19 durante as três primeiras ondas da pandemia. Quase três quartos (71%) dos participantes eram mulheres e 5,7% morreram.

Os pesquisadores dividiram os voluntários, diagnosticados com Covid-19, em dois grupos: aqueles que tinham entre 15 e 39 anos e os com 40 anos ou mais. Eles analisaram os fatores de risco associados à morte por Covid-19 após o primeiro diagnóstico da doença, excluindo os casos de reinfecção. A taxa de mortalidade foi maior nas pessoas com mais de 40 anos (8,6% contra 2,9%).

Entre os que tinham mais de 40 anos (8.675 casos), a idade avançada foi associada a um risco aumentado de morte por Covid-19. Participantes que viviam com HIV com mais de 70 anos apresentavam quase cinco vezes mais chances de morrer quando comparados aos voluntários com idades entre 40 e 49 anos.

Em pessoas com menos de 40 anos (9.146 casos), diagnósticos de doença renal crônica, diabetes e tuberculose ativa apontavam um aumento substancial em termos de risco de morte por Covid-19 em pacientes que viviam com HIV. Participantes com pressão alta tiveram um risco de morrer ligeiramente maior. As mesmas condições também aumentaram o risco de morte em voluntários com mais de 40 anos, porém a elevação do risco foi menor nesse braço do estudo.

Os autores afirmam não estar claro se uma carga viral não suprimida pode tornar as pessoas que vivem com HIV mais suscetíveis à infecção por Covid-19. Mas, se isso acontecer, aqueles com menos de 40 anos têm maior risco de morte. Também afirmam que pacientes com baixa contagem de CD4, independentemente de outras comorbidades, devem ser priorizados no tratamento da doença.

Fonte: site da revista MedRxiv, de 17 de novembro de 2022.

(https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2022.10.17.22281085v1.full)