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Sessão virtual marca o lançamento oficial do ImPrEP CAB Brasil

Para promover o envolvimento da sociedade civil com a nova etapa do projeto ImPrEP, foi realizada, em 13 de dezembro de 2022, uma sessão virtual para lançar oficialmente o ImPrEP CAB Brasil, estudo de demonstração que visa reunir subsídios para a possível oferta, no âmbito Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, da modalidade injetável da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV, baseada no cabotegravir de longa duração (CAB-LA).

O evento contou com as participações de Beatriz Grinsztejn, pesquisadora principal do ImPrEP CAB Brasil, Valdiléa Veloso, co-pesquisadora principal do projeto, Ana Cristina Ferreira, coordenadora-geral de vigilância do HIV/aids e das hepatites virais do Ministério da Saúde, Julio Moreira e Keila Simpson, coordenadores comunitários para as populações HSH e trans do ImPrEP CAB Brasil, respectivamente. A mediação ficou a cargo do gerente do projeto, Marcos Benedetti.

Valdiléa abriu o encontro apresentando um breve histórico da primeira etapa do ImPrEP, desenvolvido no Brasil, México e Peru, de 2018 a 2021. A pesquisadora informou que cerca de 10 mil pessoas foram incluídas no estudo, que até então priorizava a oferta da PrEP oral diária. Ela classificou a nova fase do projeto como um novo marco na prevenção do HIV.

Em seguida, foi a vez de Ana Cristina falar sobre a política de PrEP no Brasil. A coordenadora começou descrevendo o cenário nacional do HIV, destacando que mais de 980 mil pessoas vivem com o vírus no país, das quais cerca de 727 mil se encontram em terapia antirretroviral. Lembrou que, não fosse a PrEP, esses números seriam piores e que o ImPrEP é um dos principais responsáveis pela implementação e expansão da profilaxia no Brasil.

A coordenadora informou que, desde agosto de 2021, duplicou-se o número de locais dispensadores de PrEP no país e reforçou ser fundamental incentivar e monitorar a adesão da população de baixa renda. Após fornecer um panorama geral das taxas de infecções sexualmente transmissíveis (IST) no Brasil, Ana Cristina celebrou a emissão da nota técnica do Ministério da Saúde que autoriza o uso da PrEP sob demanda (2+1+1) para homens cis e mulheres trans e finalizou destacando a importância dos cursos de capacitação para dispensação de PrEP e as novas campanhas informativas sobre prevenção combinada realizados pelo Ministério.

Educação de pares e CAB-LA

A sessão virtual prosseguiu com a apresentação de Julio Moreira sobre “A importância da PrEP e dos estudos sobre prevenção para a garantia do acesso das populações vulneráveis”. O coordenador comunitário contou um pouco do trabalho realizado por educadores e educadoras de pares (EPs) na etapa inicial do ImPrEP e lembrou que o foco de atuação desses profissionais está nas populações-chave do projeto (homens gays e outros HSH e população trans), em especial aqueles que se encontram em situação de maior vulnerabilidade. Detalhou as estratégias dos EPs na abordagem de potenciais usuários da profilaxia e relembrou os desafios enfrentados em virtude da pandemia de Covid-19 e do surto de monkeypox.

Keila Simpson ratificou as palavras de Julio e pediu para que todas as organizações que participavam do evento permanecessem unidas no decorrer da próxima fase do estudo, o que será indispensável para repetir o êxito alcançado na etapa inicial dedicada à expansão da oferta da PrEP oral diária.

Coube a Beatriz Grinsztejn encerrar a reunião, informando que o CAB-LA já foi aprovado pelas agências reguladoras dos Estados Unidos, Austrália, África do Sul e Zimbábue. A aprovação do medicamento no Brasil, em estudo na Anvisa, será essencial para que se cumpra a meta de expansão da profilaxia na América Latina até o ano de 2025.

Beatriz ratificou que diversas pesquisas já indicaram que a maior parte das populações-chave do projeto prefere tomar a PrEP injetável de longa duração, quando comparada a outras modalidades. Detalhou o estudo HPTN 083, realizado em 43 centros do mundo, que comprovou a maior eficácia do CAB-LA em relação à PrEP oral com tenofovir e entricitabina, ressaltando a inclusão recorde de mulheres trans e pessoas jovens no estudo. Citou, ainda, a importância do HPTN 084, também baseado no CAB-LA, realizado apenas com mulheres do continente africano, que confirmou  a eficácia do cabotegravir na prevenção do HIV.

Beatriz informou que o estudo da PrEP injetável de longa duração no Brasil, com operacionalização prevista para o início de 2023,será realizado em seis cidades (Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Salvador, Manaus e Florianópolis), com voluntários que forem em busca da profilaxia nesses serviços públicos de saúde que já ofertam a modalidade oral. O público-alvo do estudo serão gays e outros HSH, população trans e indivíduos não binários de 18 a 30 anos que nunca tomaram PrEP.

As duas modalidades da profilaxia serão apresentadas a esses usuários, com apoio de material de mhealth (ferramenta digital de educação em saúde), e quem escolher o CAB-LA terá a opção de começar a profilaxia com a aplicação da primeira injeção no mesmo dia, após a realização de teste de HIV e de outras IST. A partir de então, o participante, caso queira, poderá receber lembretes alertando para as datas das injeções subsequentes. Além disso, estão programadas diversas pesquisas e grupos focais em torno do tema.

A pesquisadora principal se despediu destacando a importância do SUS para e expansão da PrEP e o desenvolvimento de novas ferramentas de prevenção ao HIV. “O SUS é um patrimônio do Brasil, precisamos valorizá-lo”, finalizou Beatriz.