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Estudo descreve casos de monkeypox entre mulheres cis, trans e indivíduos não binários

Embora a maioria das pessoas infectadas com monkeypox no surto atual seja de gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), as mulheres não estão livres de pegar a doença. Um estudo, conduzido por John Thornhill, da Universidade de Queen Mary, em Londres, no Reino Unido, investigou 136 casos entre mulheres cisgênero e transgênero e indivíduos não-binários em 15 países. A análise foi publicada, em 17 de novembro de 2022, na revista The Lancet.

Os pesquisadores analisaram uma série de casos de monkeypox diagnosticados entre 11 de maio e 4 de outubro de 2022. Sessenta e nove eram em mulheres cis, 62 em mulheres trans e cinco em indivíduos não-binários atribuídos ao sexo feminino no nascimento. A maioria das participantes era de latinas (45%), brancas (29%) ou negras (21%). Quase todas viviam na Europa ou nas Américas (apenas três estavam na África) e a média de idade era de 34 anos.

O contato sexual foi a via de transmissão suspeita para 74% das participantes. Mas as taxas divergiram entre as mulheres cis e trans. Enquanto se acredita que 61% das mulheres cis e pessoas não-binárias tenham adquirido a doença por meio do sexo, esse índice sobe para 89% no grupo das mulheres trans.

Todas as mulheres trans e 14% das mulheres cis e pessoas não-binárias relataram sexo anal, enquanto 69% das mulheres cis e nenhuma mulher trans relataram sexo vaginal (poucas mulheres trans investigadas se submeteram à vaginoplastia). As mulheres trans tiveram, em média, dez parceiros sexuais nos três meses que antecederam o estudo e 73% relataram parceiros masculinos múltiplos. Enquanto isso, as mulheres cis tinham, em média, um parceiro e eram mais propensas a relatar um único parceiro regular (61% contra 13%, respectivamente).

Vinte e sete por cento das participantes com status conhecido viviam com HIV, uma taxa menor do que os 41% observados entre os HSH em uma análise anterior. Mas, novamente, o índice geral esconde a grande disparidade entre mulheres trans (50% viviam com HIV) e mulheres cis e indivíduos não-binários (9% viviam com o vírus).  Quase todos que viviam com HIV estavam em tratamento antirretroviral e 81% tinham carga viral indetectável. Entre as pessoas sem o vírus, 58% das mulheres trans e apenas 2% das mulheres cis usavam a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV.

As mulheres trans tiveram até duas vezes mais chances de ter acesso ao tecovirimat (TPOXX), medicamento usado no tratamento de diversas formas de varíola. Somente seis pessoas em todo o estudo receberam a vacina contra monkeypox.

Fonte: site da revista The Lancet, de 17 de novembro de 2022.

(https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(22)02187-0/fulltext#%20)