Estudo investiga uso anterior de PrEP entre HSH recém-diagnosticados com infecção pelo HIV
Mais de um quarto dos homens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) diagnosticados com HIV, no ano de 2021, em King County, Washington, nos Estados Unidos, usaram mas interromperam o uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV em algum momento anterior à infecção. Essa foi a principal descoberta de um estudo conduzido por Chase Cannon, da Universidade de Washington, e publicado em 11 de julho de 2022 no Journal of Acquired Immune Deficiency Syndrome. De acordo com os pesquisadores, mais da metade desses homens recebeu o diagnóstico menos de seis meses após a interrupção do tratamento.
Os dados foram coletados, entre outubro de 2013 e agosto de 2021. É uma exigência legal que as equipes médicas relatem os novos diagnósticos de HIV ao departamento de saúde local que, a partir de então, realiza entrevistas estruturadas para coletar informações sobre demografia, comportamento sexual, uso de substâncias químicas e utilização de PrEP.
Foram registrados 1.098 casos de HIV durante o estudo. A maioria dos que testaram positivo tinha entre 26 e 41 anos. Cinquenta e seis por cento eram brancos, 29% latinos, 13% negros e 8% asiáticos. Setecentos e noventa e sete (73%) foram entrevistados, e 722 responderam a perguntas sobre seu histórico de uso de PrEP. Noventa e quatro (13%) relataram ter tomado a profilaxia, e 94 dos 722 respondentes relataram ter feito uso de PrEP nos meses anteriores ao diagnóstico de HIV, tendo, por algum motivo, interrompido seu uso nesse período. A proporção de HSH que usaram PrEP, com interrupções, antes do diagnóstico de HIV aumentou de 2% em 2013 para 27% no último ano do ensaio.
Os motivos mais comuns para a descontinuidade da PrEP foram a percepção de baixo risco de aquisição do HIV (23%), medo de efeitos colaterais (23%), não confiar na eficácia do medicamento (13%) e não ter moradia fixa (10%). Outros motivos citados foram o número elevado de comprimidos e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde.
Os autores defendem medidas de incentivo para aqueles que estão em alto risco de HIV usarem a profilaxia. Segundo eles, informações detalhadas sobre os efeitos colaterais da PrEP devem ser fornecidas rotineiramente, assim como orientações que possibilitem a mudança da modalidade oral diária do medicamento para a PrEP sob demanda (PrEP 2+1+1). Serviços de baixo custo ou gratuitos também devem ser disponibilizados.
Fonte: site do Journal of Acquired Immune Deficiency Syndrome, de 11 de julho de 2022.