Mudança para regime baseado no dolutegravir é associada a ganho de peso na África
Publicado em 21 de junho de 2022 no Journal of the International AIDS Society, estudo realizado no continente africano, liderado por Allahna Esber, do Programa Militar de Pesquisa em HIV dos EUA, concluiu que pessoas vivendo com HIV que mudaram para um regime antirretroviral baseado no dolutegravir tiveram um ganho de peso quatro vezes maior no primeiro ano de uso em comparação com os doze meses anteriores à mudança.
Foram analisados dados de 1.433 pessoas que mudaram para o regime baseado no dolutegravir e 1.485 participantes que continuaram tomando tenofovir ou lamivudina. Todos residiam em Uganda, Quênia, Tanzânia ou Nigéria. A maioria dos que trocaram de regime tinha mais de 40 anos (59%), enquanto a maior parte dos que não mudaram possuía menos de 40 (63%).
Entre aqueles que passaram para o novo regime, a proporção de mulheres foi menor (48%) do que entre os que não trocaram (69%). Os dados também mostram que, no momento da mudança, 46% dos que não mudaram e 30% dos que trocaram apresentavam carga viral alta, superior a 1.000 cópias/ml – mostrando que não estavam respondendo bem ao tratamento.
À época da transição, entre todos os voluntários (incluindo aqueles que não fizeram a mudança), a média de peso era de 62,6 kg e a média do índice de massa corporal (IMC), de 22,5 kg/m². O IMC variou por sexo: o número de mulheres que apresentou um índice superior a 25 kg/m² (o intervalo saudável vai de 18,5 kg/m²a 24,9 kg/m²) era duas vezes e meia maior que o de homens.
Um ano após a mudança para o regime baseado no dolutegravir, os participantes apresentaram um ganho médio de peso 1,46 kg em comparação com 0,35 kg antes da alteração. No segundo ano do novo regime, o aumento foi ainda maior: os voluntários ganharam, em média, 6 kg.
Segundo os autores, esse estudo contribui para a evidência emergente de que regimes antirretrovirais baseados no dolutegravir resultam em ganho de peso substancialmente maior em comparação com outros regimes. De acordo com eles, isso pode causar o aumento de doenças metabólicas e cardiovasculares em pessoas que vivem com HIV.
Fonte: site do Journal of the International AIDS Society, de 21 de junho de 2022.
(https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jia2.25899?af=R)