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Simpósio ImPrEP/AIDS 2022: A situação da PrEP na América Latina e Caribe – implementação, desafios e oportunidades

Conduzido por Hortência Peralta, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), “A situação da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV na América Latina e Caribe: implementação, desafios e oportunidades” foi um dos trabalhos apresentados no simpósio satélite “Evidências sobre a implementação da PrEP na América Latina: resultados do projeto ImPrEP”, promovido pelo projeto na 24ª Conferência Internacional de AIDS (AIDS 2022), realizada de 29 de julho a 2 de agosto, em Montreal, Canadá.

A palestrante iniciou fornecendo um panorama das infecções e óbitos por HIV na região. Segundo os dados apresentados, em 2021, foram cerca de 110 mil novos casos na América Latina, onde o número se mantém estável, e aproximadamente 14 mil no Caribe, local que apresenta uma queda no número de novas infecções. Também em 2021, foram cerca de 30 mil mortes causadas pelo vírus na América Latina e aproximadamente 6 mil no Caribe. Nas duas regiões, esse número vem diminuindo ao longo dos anos.

Em seguida, Hortência detalhou o status do autoteste de HIV na região. Até 2021, os países com políticas públicas desenvolvidas para a ferramenta eram Brasil, Estados Unidos, Haiti, Guatemala, Paraguai, Canadá, Trinidad e Tobago, Belize, Colômbia, Cuba, Argentina, El Salvador, Jamaica e Guiana. Países com políticas em desenvolvimento: Bahamas, Honduras, Peru, México, Chile, Nicarágua, Suriname e Uruguai. Também mencionou que Belize, Brasil, Canadá, Cuba, Estados Unidos, Equador, Nicarágua, Jamaica e Peru já disponibilizam o autoteste para suas populações.

O número de pessoas recebendo PrEP na América Latina e no Caribe foi outro ponto abordado por Hortência. Em 2019, eram 19.783 usuários na América Latina, número que, no ano seguinte, subiu para 34.576 e em 2021 para 57.902. No Caribe, 9.672 pessoas tomavam PrEP em 2021. O Brasil é o país recordista de usuários na região, com 40.737 indivíduos até o ano passado.

A painelista informou, ainda, que, em 2022, a PrEP vem sendo introduzida na Guiana, El Salvador e Panamá, e que Equador, Argentina, Peru e Guatemala estão expandindo a distribuição do medicamento, enquanto Honduras e Nicarágua estão desenvolvendo estudos de implementação.

No prosseguimento da apresentação, Hortência falou da Ferramenta de Estimativa de Necessidades e Custos da PrEP, uma publicação da Opas que estabelece as necessidades da profilaxia em nível nacional e determina o custo associado à sua implementação. Salientou que a ferramenta atualmente vem sendo utilizada na Bolívia, Colômbia, Belize, Costa Rica, Equador, Paraguai, El Salvador para fins de programação em saúde.

Para ela, os principais desafios para a implementação da profilaxia são o desenvolvimento de políticas públicas, o alto custo dos programas, a falta de acesso, a adesão dos usuários e aceitabilidade do medicamento. Também citou como desafios secundários a preocupação em tomar comprimidos diários, a falta de segurança nos serviços de saúde e o estigma ainda existente.

Encerrou afirmando que nenhuma intervenção de prevenção isolada é suficiente para conter novas infecções e o compromisso político para o desenvolvimento da PrEP ainda é necessário na América Latina e no Caribe. Também destacou que a ampliação da distribuição de autotestes de HIV e da profilaxia é fundamental para reduzir o número de novos casos de HIV e que para se avançar com a PrEP na região é necessário normalizar a sua oferta e reduzir o estigma.