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Apoio de pares melhora bem-estar das pessoas que vivem com HIV

O apoio de pares fornecido em ambulatórios na Noruega melhora os resultados de saúde, atende às diversas necessidades e amplia o bem-estar de pessoas vivendo com HIV. Essas foram as descobertas de um estudo qualitativo, liderado por Anita Ogard-Repal, da Universidade de Agder, localizada no sul do país. O ensaio foi publicado, em 31 de maio de 2022, na revista BMC Health Services Research.

Cinco clínicas ambulatoriais implementaram um programa de apoio de pares durante os anos de 2019 e 2020. Foram agendadas reuniões onde o serviço contínuo, flexível e individualizado, inspirado nos padrões do Reino Unido, foi oferecido aos pacientes. Os pares, que também viviam com HIV, receberam treinamentos específicos e foram remunerados como consultores independentes.

Foram realizadas 116 entrevistas com participantes que acessavam os cuidados de HIV e recebiam o apoio de pares. A idade dos voluntários variou entre 30 e 58 anos, com média de 44 anos.

Muitos dos entrevistados afirmaram não revelar seu status positivo de HIV para as pessoas mais próximas, o que tornou imprescindível a intervenção dos pares. “Não vou compartilhar a informação com a minha família. Tenho uma ótima relação com eles e não quero que sintam medo de mim. O suporte que recebo na clínica tem sido precioso para que eu possa me manter em pé. Sem esse apoio, não teria com quem dialogar”, disse um paciente.

Enquanto a não divulgação do status positivo de HIV aumentou a sensação de solidão e a necessidade de ajuda, a interação com os pares proporcionou um sentimento de pertencimento. “Essa conversa me deu uma compreensão diferente do vírus e tornou tudo menos assustador. Quando eles dizem que entendem o que sinto, é muito reconfortante. É a certeza que não estou sozinho nesse momento difícil”, contou um participante.

Compartilhar experiências e emoções com outras pessoas que também vivem com HIV criou um ambiente de apoio mútuo. “É fundamental o relacionamento com alguém que tem as mesmas lutas eu. Quase sempre, um acaba ajudando o outro. Nossas experiências também servem de exemplo para os pares. A gente sabe que não é fácil ficar sozinho no escuro”, afirmou outro voluntário.

Os autores observam que esse é o primeiro estudo que investiga experiências de pessoas vivendo com HIV com apoio de pares em um país escandinavo, de baixa prevalência do vírus e alta renda. Na Noruega, a maioria das organizações não-governamentais encontra-se em cidades maiores e são ligadas a entidades religiosas. Os ambulatórios são os únicos lugares em que todos os pacientes conseguem acesso a serviços igualitários, independentemente de fé, identidade de gênero e orientação sexual.

Fonte: site da revista BMC Health Services Research, de 31 de maio de 2022.

(https://bmchealthservres.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12913-022-07958-8)