Estudo não encontra respostas mais fracas à vacina contra a Covid-19 em pessoas vivendo com HIV
Um estudo canadense, publicado em março de 2022, na revista MedRvix, concluiu que pessoas que vivem com HIV e receberam a vacina contra a Covid-19 não experimentaram um declínio de anticorpos mais rápido do que aqueles que eram HIV negativos. Expostas a uma terceira dose do imunizante, os participantes que vivem com o vírus até chegaram a apresentar respostas imunológicas superiores quando comparados a um grupo de controle. Isso aconteceu especialmente entre os que tomaram a vacina da Moderna.
Mark Brockman e Zabrina Brumme, da Simon Fraser University, na Colúmbia Britânica, no Canadá, lideraram o ensaio e investigaram as respostas de anticorpos após duas e três doses da vacina em 199 pessoas que vivem com HIV e um grupo de controle com 152 participantes sem o vírus. Cerca de 90% dos voluntários eram profissionais de saúde.
Em comparação com o grupo de controle, as pessoas que vivem com HIV apresentavam o seguinte perfil: 88% eram do sexo masculino (88% contra 33%), brancas (69% contra 51%) e obesas (19% contra 15%). Em relação ao regime inicial de duas doses, a maioria recebeu vacinas de mRNA (Pfizer ou Moderna), sendo que oito pessoas que vivem com HIV tomaram uma dose do imunizante Oxford-AstraZeneca seguida por outra de mRNA, e oito receberam duas doses da Oxford-AstraZeneca. Todos tomaram uma vacina de mRNA como terceira dose.
Seis meses após a segunda dose, as concentrações de anticorpos diminuíram tanto em participantes que vivem com HIV quanto no grupo de controle. Em uma análise multivariada que controlou variáveis sociodemográficas, de bem-estar e relacionadas à vacina, concentrações mais baixas de anticorpos foram associadas a piores condições de saúde e recebimento do imunizante Oxford-AstraZeneca, mas não em relação ao HIV. O estudo não encontrou diferença na taxa de declínio de anticorpos após a segunda dose entre pessoas que vivem com HIV e participantes do grupo de controle.
Um mês após a terceira dose, os níveis de anticorpos aumentaram acima das concentrações observadas trinta dias depois da segunda dose. Não houve diferença significativa nos níveis de anticorpos entre os voluntários que vivem com HIV e os do grupo de controle.
Os autores afirmam que as descobertas fornecem garantias de que um histórico de baixa contagem de CD4 não compromete a geração de anticorpos. Ainda de acordo com eles, pessoas que vivem com HIV, quando saudáveis, podem apresentar respostas tão boas, ou até melhores, a uma terceira dose do imunizante do que as pessoas sem o vírus.
Fonte: site do Aidsmap, de 2 de maio de 2022.
Link para o estudo: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35350205/