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Prevalência de HIV e hepatite C em pessoas com moradia instável tende a ser maior em países de alta renda

A moradia instável – definida como não ter um abrigo seguro ou um lar fixo para viver – poderá ser responsável por mais 20% das novas infecções por HIV e hepatite C em países como Estados Unidos e Reino Unido. Essa foi uma das conclusões de estudo de modelagem global, realizado pela equipe da Universidade de Bristol, na Inglaterra, e publicado, em janeiro de 2022, na revista The Lancet Public Health.

Os autores do trabalho dizem que a moradia instável pode aumentar o risco de contrair o HIV e a hepatite C de várias maneiras, já que as pessoas nessas condições precisam priorizar outras necessidades de sobrevivência ao invés de medidas de prevenção, além de não possuírem locais seguros para armazenamento de medicamentos e terem de enfrentar barreiras no acesso a serviços médicos.

A equipe de Bristol desenvolveu um modelo para avaliar qual proporção de novas infecções globais por HIV e hepatite C poderiam ser atribuíveis à moradia instável. O modelo projetou estimativas para 56 países, incluindo a situação de moradia de pessoas que usam drogas injetáveis.

O estudo mostra que o impacto da moradia instável em relação a novas infecções por HIV e hepatite C tende a ser maior em países de alta renda, representando, por exemplo, cerca de 21% e 26%, respectivamente, entre 2020 e 2029, na América do Norte. Em comparação, no mesmo período, moradias instáveis poderão ser responsáveis por 6% das novas infecções por HIV e 8% por hepatite C em países de baixa renda.

No entanto, um pequeno número de países contribuirá desproporcionalmente para o aumento do total global: Afeganistão, República Tcheca, Índia, País de Gales, Inglaterra e Estados Unidos representarão 29% das infecções por HIV e 44% por hepatite C atribuíveis à moradia instável. Nesses países, a análise aponta que o problema habitacional também contribuirá com mais de 20% das novas infecções entre pessoas que fazem uso de drogas injetáveis.

Para os pesquisadores, é improvável que uma moradia estável por si só seja suficiente para eliminar o excesso de risco observado pelo estudo. “As intervenções devem ir além de simplesmente fornecer boas moradias, abordando também as necessidades sociais e de saúde mais amplas dos indivíduos e promovendo acesso a serviços e tratamentos” afirmam.

Fonte: site do The Lancet Public Health, de 7 de janeiro de 2021.

(https://www.thelancet.com/journals/lanpub/article/PIIS2468-2667(21)00258-9/fulltext)