PrEP: temas gerais

Estudo no Quênia aborda integração entre PrEP e clínicas públicas de HIV

Um estudo que evolveu 4.898 participantes e 25 clínicas públicas de HIV do Quênia mostrou que as demandas da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV podem ser integradas, com sucesso, ao serviço de atendimento a pessoas que vivem com o vírus. O trabalho foi liderado por Elizabeth M. Irungu, do Programa Nacional de Controle da Aids e IST do Quênia, e publicado, em dezembro de 2021, na revista The Lancet Global Health.

O Ministério da Saúde do Quênia forneceu todos os medicamentos para PrEP e kits de testes de HIV. Os participantes que, entre janeiro de 2017 e junho de 2019, iniciaram a profilaxia nas unidades de saúde pública de HIV foram aconselhados a comparecer às consultas clínicas um mês após o início do tratamento e, posteriormente, a cada três meses.

A idade média dos que iniciaram a PrEP foi de 31 anos e pouco mais da metade (54%) era do sexo feminino. Oitenta e quatro por cento informaram ter um parceiro sexual vivendo com  HIV. A maioria relatou algum comportamento de risco para o vírus, como o uso inconsistente ou a não utilização de preservativo (58%), não conhecer o status de HIV de seus parceiros (16%) e fazer sexo com muitas pessoas (12%).

Um total de 534 profissionais de saúde dessas clínicas foi selecionado para capacitação, dos quais 75% eram enfermeiros, funcionários clínicos com experiência em pesquisa de PrEP ou aconselhadores de HIV. Diversos assuntos foram abordados nas atividades, incluindo avaliação de risco e indicações para a profilaxia, procedimentos no início do tratamento, visitas de acompanhamento e documentação de visitas.

Inicialmente, o número médio mensal de iniciações de PrEP cresceu consideravelmente no país: de 0,1 paciente-mês por clínica, antes da intervenção, para 7,5 após a sua implementação. Apesar do aumento, apenas 34% continuavam usando a profilaxia no final do primeiro ano de estudo.

Oitenta e quatro por cento dos participantes que faltaram às consultas não foram encontrados. Entre os que foram localizados, 56% disseram ter interrompido a PrEP devido à supressão viral dos parceiros ou à decisão de usar preservativo de forma consistente.

Durante um período médio de 6,3 meses, seis participantes que iniciaram a profilaxia (5 mulheres e um homem) testaram positivo para o HIV, traduzindo-se uma incidência de 0,24 casos por cada 100 pessoas. No entanto, é possível que três desses indivíduos tenham adquirido o vírus antes de iniciar a PrEP, pois o teste positivo ocorreu logo na primeira consulta de acompanhamento.

“O resultado foi satisfatório. As clínicas, que atendem a centenas de pessoas vivendo com HIV todos os meses, chegaram a adicionar confortavelmente uma média superior a sete iniciações mensais de PrEP, utilizando a força de trabalho e a infraestrutura já existentes”, declarou Irungu.

Fonte: site da The Lancet Global Health, de 3 de janeiro de 2022.

(https://www.thelancet.com/journals/langlo/article/PIIS2214-109X(21)00391-0/fulltext?rss=yes#)