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Relatório Vital Signs revela desigualdades persistentes de HIV entre HSH nos EUA

Disponibilizado em novembro de 2021, a mais recente edição do relatório Vital Signs, divulgado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, mostra que, de modo geral, de 2010 a 2019, houve redução do HIV entre homens que fazem sexo com homens e bissexuais (HSH) naquele país, mas entre os segmentos negro e latino dessa população a diminuição não é a mesma constatada quanto aos brancos. Os indicadores de atendimento ao HIV, incluindo diagnóstico, supressão viral e uso de profilaxia pré-exposição (PrEP) também estão defasados em relação a HSH negros e latinos.

De acordo com a publicação, os HSH responderam por 2/3 dos novos casos de HIV em 2019, apesar de representarem apenas 2% da população. O total de novos casos caiu de aproximadamente 25.100 em 2010 para 23.100 em 2019. Entre os HSH negros, durante a última década, o número de novos casos de HIV permaneceu relativamente estável, caindo de 9.000 em 2010 para 8.900 em 2019. Entre os HSH latinos, os casos aumentaram ligeiramente, de 6.800 para 7.900. Em contraste, os HSH brancos viram um declínio substancial, de 7.500 para 5.100 casos. Por faixa etária, novos casos diminuíram entre HSH de 13 a 24 e 45 a 54 anos, mas aumentaram entre aqueles de 25 a 34 anos (de 6.700 a 10.000 casos).

Estimou-se que 62% dos HSH negros e 67% dos HSH latinos diagnosticados com HIV atingiram carga viral indetectável, em comparação com 74% dos HSH brancos. Isso revela preocupação porque a supressão viral interrompe a progressão da doença e impede a transmissão sexual do vírus (conceito conhecido como Indetectável = Intransmissível).

O relatório aponta menor propensão por parte dos HSH negros em usar a PrEP.  Apenas 27% deles e 31% dos latinos que poderiam ter se beneficiado da profilaxia o fizeram em 2017, em comparação com 42% dos brancos. HSH negros e latinos também eram menos propensos que os brancos a discutirem acerca da PrEP com profissionais de saúde.

Os pesquisadores analisaram estigmas, atitudes e crenças negativas acerca das pessoas vivendo com HIV que possamter contribuído para as disparidades. Em resposta a 10 questionamentos sobre diferentes aspectos do estigma em relação ao HIV, com pontuação variando de 0 (nenhum estigma relatado) a 100 (nível mais alto de estigma relatado), HSH negros e latinos tiveram pontuação mediana de 33 e 31, respectivamente, em comparação com 26 para HSH brancos. Homens de 18 a 24 anos tiveram a pontuação mais alta de estigma (39).

Atingir a meta de reduzir os novos casos de HIV em 90% até 2030 exigirá que pelo menos 95% das novas infecções sejam diagnosticadas, 95% das pessoas diagnosticadas atinjam a supressão viral e 50% das pessoas HIV negativo elegíveis usem a PrEP.No entanto, em 2019, apenas 85% dos HSH vivendo com infecção de HIV  recente foram diagnosticados, 68% deles eram indetectáveis e 1/3 dos elegíveis estava em uso da PrEP, observaram os autores do estudo.

Entre os apontamentos, a certeza de que os antirretrovirais de ação prolongada para tratamento e prevenção podem ajudar a expandir o acesso e encorajar uma boa adesão, bem como o potencial do autoteste do HIV no sentido de alcançar um número maior de HSH e reduzir o estigma. A oferta da PrEP deve ser aperfeiçoada, assegurando que esteja disponível nas comunidades mais afetadas pelo HIV e nos serviços clínicos já existentes. A telemedicina, amplamente adotada durante os primeiros meses da pandemia de Covid-19, pode ser uma ferramenta para atingir mais pessoas também.

Fonte: POZ, 1 de dezembro de 2021

https://www.poz.com/article/cdc-report-reveals-persistent-hiv-inequities-among-gay-bi-men

Referência: Relatório Vital Signs produzido pela CDC

https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/70/wr/mm7048e1.htm