Preferências de PrEP entre minorias sexuais e de gênero no Brasil: o ImPrEP no Congresso Europeu de Aids 2021
O ImPrEP marcou presença no 18º Congresso Europeu de Aids, realizado de forma virtual de 27 a 30 de outubro, em Londres, no Reino Unido, com a apresentação do estudo “Preferências pela profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV entre minorias sexuais e de gênero no Brasil: resultados de um experimento multicentro de escolha discreta”, liderado pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca e pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, ambos da Fiocruz, contando com diversas parcerias institucionais. O trabalho, desenvolvido pelo Grupo de Estudo ImPrEP*, foi conduzido pelos pesquisadores Cláudia Pereira e Thiago Torres, que apresentou resultados do estudo no evento.
O conhecimento sobre as preferências em relação à PrEP entre gays, bissexuais e outros homens que fazer sexo com homens, travestis e mulheres trans ainda é limitado O objetivo do estudo foi investigar as preferências desses públicos por meio de uma pesquisa realizada em todo o território nacional.
O ensaio foi conduzido em duas fases: na primeira, realizou-se uma revisão de literatura e abordagens qualitativas para avaliar atributos por intermédio do Experimento de Escolhas Discretas (DCE, na sigla em inglês), ferramenta de pesquisa utilizada para quantificar as preferências de usuários. Na segunda, ocorreu uma pesquisa sobre comportamento sexual, questões sociodemográficas e uso da PrEP e da profilaxia pós-exposição (PEP) ao HIV. A pesquisa foi administrada de duas formas: presencialmente, em cinco capitais brasileiras (Rio de Janeiro, Brasília, Manaus, Porto Alegre e Salvador), e on-line, com foco no país inteiro.
O estudo, realizado de outubro a dezembro de 2020, contou com 3.924 participantes. A idade média dos participantes foi de 31 anos, sendo 54% brancos e 46% negros e pardos, com 65% tendo cursado o nível superior e 28% o nível médio. Trinta e três por cento ganhavam menos de R$ 2.200 por mês, 66% residiam na Região Sudeste, 68% usaram preservativos em relações sexuais nos últimos seis meses, 28% já haviam praticado chemsex (sexo químico), 82% eram elegíveis para PrEP e29% faziam uso da profilaxia.
Entre os resultados, verificou-se que os participantes escolhiam a modalidade de PrEP priorizando os critérios de um nível de proteção mais alto e a ausência de efeitos colaterais, atributos considerados mais relevantes com coeficientes positivos.A profilaxia utilizando tecnologia de longa duração, como a PrEP injetável e o uso de implante foram apontadas como as escolhas preferida sem comparação com a PrEP oral diária. Em um segundo plano, as escolhas recaíram em modalidades que garantissem “menos visitas aos centros de saúde”e na funcionalidade do esquema PrEP 2 + 1 + 1 (sob demanda).
Autores do trabalho:
Cláudia Pereira (1),Thiago Torres (2), Paula Luz (2), Brenda Hoagland (2), Alessandro de Farias (3), Jose David Urbaez Brito (4), Marcus Lacerda (5), Daila Silva (6), Marcos Benedetti (2), Cristina Pimenta (7) , Talita Andrade (3), Leonor de Lannoy (4), Mônica Santos (5), Vinicius Casaroto (6), Beatriz Grinsztejn (2), Valdiléa Veloso (2), do Grupo de Estudos ImPrEP
(1)Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Rio de Janeiro
(2)Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Rio de Janeiro
(3) Centro Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa, Salvador
(4) Hospital Dia Asa Sul, Brasília
(5) Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, Manaus
(6) Secretaria Municipal de Saúde, Centro de Testagem e Aconselhamento Santa Maria, Porto Alegre
(7) Ministério da Saúde do Brasil