Mudança de TDF para TAF pode ocasionar níveis crescentes de gordura no sangue
Um estudo com pessoas vivendo com HIV, que mudaram de regimes de medicamentos antirretrovirais baseados em tenofovir TDF (tenofovir disoproxil fumarato) para regimes contendo o tenofovir TAF (tenofovir alafenamida), mostrou alguns aumentos nas taxas de colesterol e triglicerídeos (lipídios ou gorduras do sangue que aumentam o risco de doenças cardiovasculares). Liderado por Lawrence Brunnet, da empresa de pesquisa científica Epividian, o ensaio foi publicado na revista científica Springer Link, em 21 de setembro de 2021.
Os 6.451 participantes do estudo que mudaram de TDF para TAF, de novembro de 2015 a março de 2018, foram recrutados em 84 clínicas de 18 estados dos Estados Unidos. Dezesseis por cento eram mulheres, 33% negros e 37% hispânicos. No início do estudo, a idade média era de 48 anos e a contagem média de CD4, de 645. Os pacientes estavam em TDF por um tempo médio de dois anos e cinco meses.
Todos os participantes tiveram seus lipídios medidos seis meses antes da troca e em algum momento posterior (o tempo médio após a troca foi de 3,9 meses). Pessoas que tomavam TDF ou TAF para profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV não foram incluídas.
Todos os níveis de lipídios aumentaram após a mudança de regime. O colesterol total aumentou de 4,5 mmols/l para 4,76 mmols/l; o LDL (lipoproteína de baixa densidade, colesterol “ruim”) de 2,51 mmols/l para 2,69 mmols/l; o HDL (lipoproteína de alta densidade, colesterol “bom”) de 1,16 mmols/l para 1,19 mmols/l; e triglicerídeos de 1,43 mmols/l para 1,57 mmols/l. Os aumentos relativos foram de 5,8%, 7,2%, 2,7% e 9,8%, respectivamente, para as quatro classes de lipídios.
Na média do estudo, os níveis de colesterol total e triglicerídeosforam classificados como normais antes e permaneceram assim após a troca, mesmo com um pequeno aumento das taxas. Os níveis de HDL, que também tiveram aumento, foram classificados como anormais limítrofes antes e assim permaneceram, mas os níveis de LDL, que eram normais antes da troca, foram classificados como anormais limítrofes depois.
Os pesquisadores reconhecem que o risco clínico de mudar de TDF para TAF pode ser pequeno, mas só deve ser definitivamente avaliado após um ensaio mais longo. No entanto, esse estudo reforça a evidência de que, pelo menos em uma minoria de participantes, a mudança de TDF para TAF pode não ser isenta de riscos, especialmente em pacientes com problemas de função renal e de densidade mineral óssea.
Fonte: site do Springer Link, de 21 de setembro de 2021.
(https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs40261-021-01081-y)