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Pessoas vivendo com HIV com carga viral detectável e CD4 menor que 500 têm risco aumentado de desenvolver Covid-19 grave

Daniel Nomah, do Centro de Estudos Epidemiológicos de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids na Catalunha, apresentou estudo na 11ª Conferência sobre a Ciência do HIV (IAS 2021), promovida pela International Aids Society, de 18 a 21 de julho, demonstrando que uma carga viral detectável juntamente com uma contagem de CD4 abaixo de 500 células/mm3 coloca as pessoas vivendo com HIV em maior risco de Covid-19 grave.  

O estudo, desenvolvido junto a 16 hospitais espanhóis, também descobriu que ter múltiplas comorbidades, como pressão alta, doença cardiovascular ou renal crônica, ou câncer, aumentam em muito o risco de uma forma mais grave da doença. O trabalho reuniu 13.142 pessoas, sendo a maioria homens (81%), de meia-idade (47 anos), com supressão viral (81%) e vivendo com pelo menos uma condição subjacente (65% tinham uma ou mais comorbidades, incluindo 23% que tinham três ou mais). A contagem média de CD4 na coorte era de 692 células/mm3.

Os pesquisadores identificaram 749 pessoas (5,7% do total do grupo) com diagnóstico de SARS-CoV-2 até 15 de dezembro de 2020. Destes, 103 (13,8%) foram internados, incluindo sete em unidade de terapia intensiva. Treze pessoas internadas em hospitais morreram de Covid, 12 delas não sendo atendidas em uma unidade de terapia intensiva.

Pessoas vivendo com HIV, com maior probabilidade de serem diagnosticadas com SARS-CoV-2, eram migrantes (34% da coorte nasceu fora da Espanha), gays/homens bissexuais ou que tinham pelo menos quatro comorbidades. Usuários de drogas injetáveis apresentaram significativamente menor propensão ao diagnóstico da doença quando comparados com o resto da população.

Além disso, pessoas vivendo com HIV com 75 anos ou mais tinham 3,5 vezes mais probabilidade de ter infecção pela Covid-19 de forma grave em comparação as mais jovens. Ao realizarem  um recorte por sexo, idade, país de origem, situação socioeconômica, uso de terapia antirretroviral, carga viral de HIV e contagem de CD4, entre outros, os pesquisadores descobriram que comorbidades neuropsiquiátricas, doença respiratória ou metabólica eram fatores que aumentavam o risco de um desfecho grave de Covid-19.

Pessoas com uma comorbidade tinham quase seis vezes mais chances de ter um resultado grave em comparação com pessoas sem comorbidades. Já pessoas com quatro ou mais comorbidades apresentavam 22 vezes maior probabilidade de  um resultado grave. Também foram analisados resultados levando-se em consideração a contagem de CD4. O estudo apontou que, enquanto a contagem de CD4 não apontou o risco grave em pessoas com carga viral suprimida, em pessoas com carga viral detectável CD4 abaixo de 500 células/mm3 foi associado a um risco aumentado para caso grave de Covid-19. A contagem média de CD4 em pessoas que morreram de Covid-19 foi de 469células/mm3.

Entre as conclusões do trabalho: os fatores de risco identificados indicam a necessidade de priorizar as pessoas vivendo com HIV para a vacinação contra a Covid-19, em especial aquelas com carga viral não suprimida, contagens de CD4 baixas e um número elevado de comorbidades.

Fonte: Aids Map – 20 de julho de 2021

https://www.aidsmap.com/news/jul-2021/lower-cd4-count-and-unsuppressed-hiv-raise-risk-severe-covid-19