HIV, IST e Outros

INI/Fiocruz participa da construção das diretrizes sobre autoteste de hepatite C lançadas pela OMS

A prevenção combinada é uma estratégia que faz uso simultâneo de diferentes abordagens de prevenção (biomédica, comportamental e estrutural) aplicadas em múltiplos níveis (individual, nas parcerias/relacionamentos, comunitário, social) para responder a necessidades específicas de determinados segmentos populacionais e de determinadas formas de transmissão do HIV (http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/prevencao-combinada/o-que-e-prevencao-combinada).

Essa estratégia de prevenção vai além do uso de preservativos ou da indicação da profilaxia pré ou pós-exposição (PrEP e PEP) ao HIV, estendendo-se ao diagnóstico e tratamento de outras infecções sexualmente transmissíveis e hepatites virais, bem como à imunização contra o HPV e o vírus da hepatite B.

Nesse contexto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou, durante a 11ª Conferência sobre a Ciência do HIV (IAS 2021), promovida virtualmente pela International Aids Society, de 18 a 21 de julho, mais um importante instrumento de enfrentamento às hepatites virais, com o lançamento das primeiras diretrizes sobre autoteste do vírus da hepatite C (HCV), recomendando o seu uso como uma abordagem adicional aos serviços de teste de HCV.E o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), da Fiocruz, contribuiu de forma ativa para a construção dessas diretrizes, por meio de estudo liderado pelo pesquisador Thiago Torres intitulado: “Valores e preferências no autoteste do vírus da hepatite C”.

“Pela experiência acumulada que temos, adquirida em projetos de ponta como o ImPrEP, em subestudos voltados à distribuição de autoteste de HIV, por exemplo, a OMS nos encomendou um estudo para verificar o conhecimento sobre a hepatite C e a aceitabilidade do autoteste entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) do Brasil”, informa Thiago. Além desse estudo, o pesquisador representou a Fiocruz como revisor das diretrizes finais da OMS e participou da coleta de depoimentos de HSH brasileiros para a elaboração do vídeo educativo “Community voices on hepatities C virus self-testing”.

Mais de 70 milhões de pessoas em todo o mundo estão infectadas com o HCV, mas a maioria permanece sem diagnóstico. Para atingir as metas globais de eliminação de HCV, é fundamental melhorar o acesso aos testes de hepatite para aumentar o conhecimento das populações sobre a sua sorologia, como também facilitar o tratamento. Nesse sentido, o autoteste da hepatite C é uma abordagem inovadora que pode aumentar o acesso ao teste para aqueles que não foram alcançados pelas abordagens de teste disponíveis.

O estudo “Valores e preferências no autoteste do vírus da hepatite C” foi realizado no Brasil, Costa Rica, Índia, Indonésia, Quirguistão, Filipinas, Ruanda, África do Sul, Tailândia e Ucrânia, sendo composto por entrevistas individuais, grupos focais de discussão e atividades de pesquisa participativa. Dependendo das restrições locais decorrentes da Covid-19, as atividades ocorreram de forma presencial e/ou via telefone e web.

Dos 920 participantes, 66% eram indivíduos com alto risco para HCV, destacando-se os índices de 16% da população geral estudada e de 18% sendo profissionais de saúde. Participantes apontaram o autoteste de hepatite C como uma ferramenta inovadora que pode aumentar a conscientização sobre o status do vírus e motivar os usuários a buscarem mais cuidados. Também definiram o autoteste como uma boa opção em relação à confidencialidade dos resultados. Entre as barreiras identificadas, a possibilidade de erros se as instruções do teste não forem claras, bem como possíveis danos psicossociais.

Os participantes reconheceram a necessidade de testes de confirmação após um resultado reativo e de adaptações locais quanto aos modelos de prestação de serviços do autoteste, devendo sempre serem acompanhados por informações relacionadas à prevenção, tratamento e cuidados. Vários participantes preferiam que os kits do autoteste de hepatite fossem oferecidos gratuitamente, pelo menos para os grupos mais vulneráveis, e que as instruções do kit contenham ilustrações e links para tutoriais em vídeo. Também foi fortemente mencionada a atenção necessária para evitar a criação de novo estigma em relação a grupos já estigmatizados.

Se quiser saber mais sobre hepatite C acesse: o guia sobre autoteste e outros matérias no site da OMS:

Guia da OMS sobre autoteste de HCV: https://www.who.int/publications/i/item/9789240031128

Estudo “Valores e preferências no autoteste do vírus da hepatite C”: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/342785/9789240031173-eng.pdf

Vídeo“Community voices on hepatities C vírus self-testing”: https://www.youtube.com/watch?v=HFyLayeGou4

Matéria no site da OMS: https://www.who.int/news/item/15-07-2021-who-releases-first-guidelines-on-hepatitis-c-virus-self-testing?fbclid=IwAR2Fv1M2Hu1_nii2U0hsmPu39KrfopTBk5qkm17aIHAFZdLUGzPD4Dhudv0