PrEP: tecnologia de prevenção

HPTN 083: PrEP injetável confirma eficácia superior ao esquema oral, mas pode demorar a detectar infecções de HIV

Uma análise detalhada dos resultados do estudo HPTN 083, que comparou a eficácia de uma injeção bimestral do medicamento cabotegravir com o tenofovir disoproxil fumarato e emtricitabina de uso oral diário (TDF/FTC), confirmou que havia menos de um terço das infecções por HIV em pessoas que receberam as injeções do que em pessoas que tomavam o comprimido diário.

O professor Raphael Landovitz, da Universidade da Califórnia, disse, na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI 2021), realizada virtualmente de 6 a 10 de março, que a análise final do estudo com 4.566 pessoas mostrou que existiam 39 infecções por HIV em participantes que receberam TDF/FTC contra 12 em voluntários que tomaram injeções de cabotegravir. Isso representa uma incidência anual de 1,22% no braço TDF/FTC e 0,37% no braço cabotegravir.

Os dados mostram uma taxa de incidência (TIR) de 0,32. Em outras palavras: houve 68% menos infecções nas pessoas que receberam as injeções. Essa é, virtualmente, a mesma eficácia (0,32 x 0,34) apresentada na Conferência AIDS 2020.

Por trás desse pequeno ajuste, entretanto, há alguns dados interessantes. A razão para a ligeira mudança de TIR dada no ano passado, foi a detecção de mais duas infecções em participantes que estavam recebendo injeções de cabotegravir. Acontece que essas infecções, na verdade, já existiam desde o início do estudo.

Infecções de HIV detectadas tardiamente

A primeira pessoa infectada foi diagnosticada nove semanas após a entrada no estudo e duas semanas após a segunda injeção de cabotegravir. A segunda infecção foi detectada com 41 semanas de estudo e depois da quinta injeção do medicamento.

Essas duas infecções foram denominadas como sendo de ‘base’ porque os participantes, que foram randomizados para o braço do cabotegravir, tiveram suas amostras de sangue armazenadas e submetidas a uma bateria de testes retrospectivos de anticorpos, antígenos e carga viral de hipersensibilidade. Esses testes mostraram que ambos tinham HIV no começo do estudo, com cargas virais de 1.360 e 44.180, respectivamente.

É importante ressaltar a razão para a não detecção do HIV no início do estudo: o cabotegravir – primeiro como pílulas, depois como injeções – rapidamente suprimiu as cargas virais para indetectáveis. Dessa forma, eles foram vistos como  HIV negativos(não tinham anticorpos detectáveis para o vírus) por períodos de tempo, em testes de confirmação de anticorpos/antígenos.

Fonte: site do Aidsmap, de 10 de março de 2021.

(https://www.aidsmap.com/news/mar-2021/hptn-083-injectable-prep-can-make-breakthrough-infections-hard-detect)