ABRASCÃO 2025: ImPrEP CAB Brasil – analisando escolhas de PrEP e aumento da cobertura da profilaxia com cabotegravir injetável em populações-chave jovens
A profilaxia pré-exposição (PrEP), na modalidade oral diária, é altamente eficaz na prevenção do HIV, mas a adesão ao medicamento continua baixa no Brasil, principalmente entre jovens de minorias sexuais e de gênero.
A PrEP injetável de longa duração, baseada no cabotegravir (CAB-LA), também apresentou elevada eficácia contra a infecção pelo vírus em ensaios clínicos, se mostrando promissora como alternativa para enfrentar os desafios de adesão à PrEP oral diária. Contudo, seus dados de efetividade e implementação ainda são limitados no Sistema Único de Saúde (SUS).
Estudo conduzido por Thiago Torres, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, no Rio de Janeiro, e o Grupo de Estudo ImPrEP*, investigou a escolha de PrEP (oral diária ou injetável de longa duração) entre jovens de minorias sexuais e de gênero brasileiros. A análise foi apresentada no 14° Congresso da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), realizado, de 28 de novembro a 3 de dezembro, em Brasília.
De outubro de 2023 a setembro de 2024, jovens de 18 a 30 anos optaram entre as modalidades oral diária e injetável de longa duração em serviços públicos de seis cidades brasileiras (Manaus, Salvador, Rio de Janeiro, Florianópolis, São Paulo e Campinas), tendo metade deles recebido uma intervenção de mHealth (ferramenta digital que disponibilizava vídeos educativos sobre a prevenção combinada do HIV.) Os voluntários foram acompanhados por 48 semanas, tendo a possibilidade de trocar de modalidade da profilaxia durante esse período.
Dos 1.447 jovens Incluídos, 83% escolheram a PrEP injetável de longa duração e 17% optaram pela oral diária. A exposição à intervenção de mHealth foi associada à escolha da modalidade injetável de longa duração, enquanto possuir de 18 a 30 anos e apresentar maior grau de conflito decisório medido numa escala específica contribuíram para a escolha do esquema oral diário.
Entre os participantes que optaram pela PrEP injetável de longa duração, 6% não continuaram no estudo durante o período de acompanhamento e 0,8% receberam apenas a primeira injeção. Das 5.041 injeções de CAB-LA aplicadas, 94% foram administradas dentro do prazo estipulado, com, no máximo, sete dias de antecipação ou atraso.
No total, 44 pessoas mudaram da PrEP injetável de longa duração para a oral diária (64% devido à ocorrência de efeitos adversos) e 21% trocaram a modalidade oral diária pela injetável de longa duração (91% por cansaço pelo uso diário de comprimidos). A adesão à PrEP injetável de longa duração foi maior em comparação com a da oral diária: 96,2% contra 64,1%.
De acordo com os autores, a PrEP injetável de longa duração melhorou substancialmente a adesão à profilaxia, mostrando-se promissora no enfrentamento dessa questão. Eles afirmam que a disponibilização de diferentes modalidades de PrEP no SUS pode ser crucial para o fim da epidemia de HIV no Brasil.
*Autores:
Thiago Torres (1), Carolina Coutinho (1), Brenda Hoagland (1), Mayara Secco (1), Marcos Benedetti (1), Cristina Pimenta (1), Ronald Ismério (1), Valdiléa Veloso (1), Beatriz Grinsztejn (1) e Grupo de Estudos ImPrEP.
(1) Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil.



